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Joanna de Assis desabafa sobre aborto espontâneo e descoberta de trombofilia: "Dói demais"

Repórter da Globo comentou sobre luto, empatia, informação e saúde da mulher

Joanna de Assis perdeu o primeiro filho após um aborto espontâneo em novembro de 2019 - Reprodução/Instagram
Joanna de Assis perdeu o primeiro filho após um aborto espontâneo em novembro de 2019 - Reprodução/Instagram

Redação Publicado em 21/12/2020, às 11h30

A repórter da TV Globo, Joanna de Assis, 39, desabafou em uma entrevista ao Glamour Brasil, e relembrou o dia doloroso de como perdeu o primeiro filho após um aborto espontâneo em novembro de 2019.

Joanna quer ajudar outras mulheres a se informarem melhor após descobrir um diagnóstico de trombofilia. "Engravidei naturalmente no ano passado e foi uma surpresa pra mim, embora não estivesse evitando. Foi logo que eu cheguei no Brasil, depois de uma temporada de três anos nos Estados Unidos". A repórter perdeu o bebê quando estava grávida de oito semanas, enquanto estava trabalhando na Globo, em São Paulo. Ela mencionou como o processo foi fisicamente e psicologicamente doloroso. 

Ela relembra: "É o que eu falo, as pessoas subestimam muito a dor. Lembro que quando eu cheguei no hospital, fiz um ultrassom e a primeira coisa que a atendente me disse foi: 'você tem certeza de que você tá grávida, porque eu não vejo nada aqui'. Imagina você ouvir isso? Eu estava com sangue até o calcanhar. Eu falei: tenho certeza. E ela disse que não via absolutamente nada. É muito traumático". Joanna ficou decepcionada com o que ouviu no consultório quando procurou sua ginecologista. 

"Ela falou assim: 'Joanna, isso faz parte. Estatisticamente é normal, mas tenta de novo. Espera alguns meses e tenta de novo'. E foi assim, muito simples. Eu sentia que tinha que ser mais do que isso. Poxa, não vai me pedir nenhum exame? Não vai investigar o que aconteceu? A gente vai ficar nessa de 'você é nova ainda'? E eu não sou nova! Eu tinha 38 anos. Então, aquela frase que eu ouvi não combinou com o que eu estava sentindo". Ela também explicou que há falta de empatia com mulheres que perderam um filho e que lutou muito com o sofrimento. "Travei muito essa luta. Mas eu fui essa pessoa lá atrás, que não entendia a dor. Reconheci que fui essa pessoa e evolui demais".

Joanna relembrou que uma amiga tinha sofrido um aborto espontâneo anosantes. "Eu estava no meio da minha dor e lembrei da dor dela de dez anos atrás. E toda vez que eu penso nisso fico muito emocionada. Foi a primeira coisa que eu pensei: como eu estava errada, é uma dor insuportável, dói demais. Eu não tinha ideia disso". 

Foi com exames que a repórter descobriu que, além de ter reserva ovariana baixa, ela também descobriu miomas no útero - que foram operados - e foi diagnosticada com trombofilia, que pode ser uma das causas para o aborto. "Eu tenho uma condição genética. Que eu, na verdade, nunca pensei que pudesse causar aborto, mas eu sabia que na família do meu pai tinham duas pessoas que tem trombose e na família da minha mãe tem uma. Então, a chance de eu ter alguma alteração genética é muito alta". 

A trombofilia é definida pela tendência de uma pessoa em formar trombos, que pode se tornar uma trombose. Joanna anda disse que acha que as mulheres deveriam ter mais direitos a informação, considerando que o planejando familiar é um direito. "Acho que esse é o maior problema, ela ter o direito de investigar sua condição de saúde para tomar suas decisões. Eu tive tardiamente, porque eu fiquei encanada com aquilo que eu ouvi. Não é possível que seja só um tapa nas costas e tenta de novo. Tem que ter mais".