Filipe vive versão jovem de Victor Dantas, pai do traficante Pedro Dom, na década de 70
Redação Publicado em 15/07/2021, às 09h03
O ator Filipe Bragança falou sobre os desafios de seu papel na série Dom, da Amazon Prime Video, e criticou a maneira como o Brasil lida com as drogas ao comentar sobre seu novo trabalho.
Filipe interpreta a versão jovem de Victor Dantas, na década de 70, pai do traficante Dom. Na fase adulta, Flávio Tolezani dá vida ao personagem na fase adulta. O ator reflete sobre a produção de Breno Silveira: "Dom é, talvez, o maior projeto em que já trabalhei. Sem dúvida, é o mais complexo e, depois de assistir à série, creio que seja o mais sofisticado também. Poder contar essa história, uma história verdadeiramente importante, sobre o Brasil, nossos problemas e nossas pessoas, em um projeto grandioso, bem executado e com gente tão talentosa envolvida, é um privilégio."
"Poder ser dirigido por um diretor sensível e habilidoso como o Breno é uma honra e fazer parte de um elenco com atores tão potentes é para poucos". Filipe ainda pontuou o maior desafio da série, que foi lidar pela primeira vez com um papel e uma história densos: "É uma serie com temas complexos e dolorosos, especialmente para nós, brasileiros. E carregar isso com maturidade e responsabilidade é difícil. E claro, eu estava integrando um time de profissionais muito talentosos, e tinha que me provar merecedor de estar ali. Acho que consegui."
A trama, que conta a história do traficante, retrata o mundo das drogas. Ao ser questionado sobre a importância de falar sobre o tema, ele pondera: "A discussão sobre as drogas é muito ampla e complexa, muito maior do que 'droga é bom ou ruim'. O cinema, as séries e a arte têm o dever de discutir a sociedade e, enquanto nesse nosso Brasil existirem realidades devastadas pelas drogas, seja pelo uso ou pela violência e corrupção do Estado sobre os cidadãos, histórias como essa podem e devem continuar sendo contadas para que possamos pensar e questionar a forma como as coisas têm sido feitas."
Filipe prosseguiu: "Na série, as drogas são um problema desde a década de 70 e seguem sendo um problema até hoje, onde existe uma "guerra às drogas" que mata pessoas, torra dinheiro público e gera mais violência sem sequer chegar perto de resolver o problema. A série mostra que sim, as drogas são um problema, mas que a nossa forma de lidar com elas só agrava a situação". O ator ainda foi questionado sobre a discussão atual sobre temas políticos: "Eu acho que quem tem voz deve usar essa voz. E não usar de qualquer jeito, falar qualquer coisa, não. Usar com responsabilidade, com cuidado."
"Se informar primeiro, ler bastante, tentar entender o mundo e a complexidade dos nossos tempos, se dedicar, mas usar essa voz. Especialmente hoje, no Brasil, se você não usa a voz contra a barbárie antidemocrática que está no poder, e que abertamente odeia os artistas, eu não sei para que você tem voz", disse.