Escritora está grávida de gêmeas
Redação Publicado em 23/05/2021, às 11h30
Bruna Surfistinha está pronta para começar uma nova fase em sua vida. Em entrevista para o EXTRA, Raquel Pacheco contou sobre sua gravidez de gêmeas, Maria e Elis, e diz que deseja ser a mãe que ela nunca teve.
"Esse vínculo maternal eu não tive com a minha mãe. E tudo isso que eu senti falta, quero que as minhas filhas tenham de mim. Quero ser para elas a mãe que eu não tive. Estou usando essa minha dor da ausência da minha mãe como uma força para ser mãe de duas agora. Tudo que eu aprendi na dor, quero que elas aprendam com amor. Ser mãe é o meu principal sonho de vida. Para mim, é como se fosse até mesmo uma missão", diz.
As gêmeas são frutos do relacionamento com o artista plástico e cantor XicoSantos, que ela conheceu em setembro: "A gente conversava em construir uma família, mas não esperava que seria tão rápido. E foi um susto grande quando descobrimos que seriam duas meninas. Ficamos em choque por um tempo".
Ela, que morava em São Paulo, irá se mudar para o Rio por causa do amado: "É uma fase de recomeço da minha vida. Decidimos pela mudança em busca do apoio familiar que eu não tenho, e para que as crianças cresçam perto da praia, com uma qualidade de vida melhor".
Raquel diz que não esconderá seu passado das suas filhas: "Não tem nem como esconder. Não escondi quem eu sou para o mundo, não faz sentido em esconder para as minhas filhas. Elas vão saber, sim, quem eu sou, o que eu fiz da minha vida dos 17 aos 20 anos, o que aconteceu, mas não vou focar apenas na prostituição. Também vou dar muita ênfase na mulher que eu me tornei e o quanto eu aprendi com a minha própria vida. Quero que elas cresçam já sabendo. Vou ter a intuição materna de contar para elas, da maneira mais leve a mais calma, para que elas entendam".
Após largar a prostituição, Raquel lançou um livro contando sua história, foi DJ e ministrou workshops para o público feminino. Ela também criou uma versão online do seu curso Transforme Sua Vida Sexual com Bruna Surfistinha, e agora lançou um voltado para o sexo durante a gestação:
"É um assunto que, como Bruna Surfistinha, eu posso continuar trabalhando. Pesquisei sobre o assunto e vi que ainda tem muito tabu sobre isso. Li muitos textos sobre sexo na gravidez com um tom muito machista, como se as mulheres tivessem que se preocupar com o parceiro. Quero acabar com esse tabu e formar essa corrente de mulheres grávidas".
Ela conta que ainda ganha dinheiro com os royalties do filme que estrelou Deborah Secco: "Não fiquei milionária e não posso me dar ao luxo de me aposentar e não fazer mais nada. Gostaria muito, principalmente agora que estou esperando duas filhas, de parar de trabalhar, e ser apenas mãe, mas não dá".
Raquel afirma que sofreu ataques após revelar a gravidez: "Que me ataquem como Raquel ou Bruna, não me importo. O que me incomoda é quando falam das minhas filhas, que elas não têm culpa nenhuma do que eu fui. Teve uma mensagem que eu recebi no direct de um homem falando: ‘chega de vadia no nosso país’. E eu me incomodei, sim. Acho um absurdo esse ataque à mulher com palavras de preconceito e machismo. Recebo mensagens pesadas, de gente dizendo que Deus nunca ia me permitir ser mãe. Parecia que estavam me jogando uma praga gigante. E hoje, mais do que nunca, eu sei que se eu fosse tudo isso, se eu não tivesse capacidade de ser mãe por ter sido garota de programa, Deus não teria me dado duas filhas de uma vez".
Ela conta que trabalhou com muitas garotas de programa que eram mães: "Elas tinham uma relação com as filhas que eram lindas, que eu invejava até. Era relação de muito amor e proteção. E essas coisas que as pessoas dizem, como se eu não pudesse ser digna de ser mãe porque eu fui prostituta por um período na minha vida, isso não faz nenhum sentido. Ate acho que, pelas garotas de programas que eram mães e que eu conheci, acabam sendo uma mãe melhor do que muitas que nunca se prostituíram e que não são boas mães. Pela minha experiência na prostituição e pela falta familiar que não apenas eu, mas a maioria das garotas de programa, todas acabam tendo esse mesmo pensamento que eu: de ser a mãe que não teve".
Raquel quer criar as filhas em "um mundo que eu tenho a consciência que, infelizmente, elas não vão viver. Gostaria que elas crescessem numa sociedade com humanos mais humanos, com mais respeito, que as pessoas possam ser o que elas quiserem ser, sem preconceitos, sem machismo, sem patriarcado e feminicídio, e com mais empatia. Queria também uma sociedade com um governo melhor e que tivesse uma decência na nossa política".