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Ator que interpreta gay em "Maldivas" relembra bullying na infância: "Não lanchava sem ser agredido"

Ator carioca, Filipe Ribeiro interpreta personagem gay em nova série da Netflix

Filipe viveu papel de homofóbico na novela Babilônia - Foto: Reprodução
Filipe viveu papel de homofóbico na novela Babilônia - Foto: Reprodução

Redação Publicado em 22/06/2022, às 08h26

O ator Filipe Ribeiro, intérprete do Cauê na nova série Maldivas, da Netflix, falou sobre o personagem e ainda relembrou o bullying que viveu durante a infância, ao conversar com a Quem

Ao lado de Samuel Melo, com quem contracena na produção, Filipe diz que a parceria foi além da tela: "Estávamos sempre trocando referências e conversamos muito sobre as cenas de beijo, tivemos muito respeito e confiança, entendendo claramente o limite das coisas."

O artista prosseguiu: "Foi ótimo porque, quando fomos para cena, não tínhamos questão nenhuma e fluiu tranquilamente. O Samuel virou um grande amigo, torço demais por ele e sei que ele torce por mim também. Quero muito que, se tiver uma segunda temporada, a gente consiga contar mais essa história, que ficou com gosto de quero mais". Agora vivendo um homossexual, ele já fez papel de homofóbico na novela Babilônia (2015) e explica o que mais foi difícil de fazer.

"Fazer o Fred em Babilônia foi mais complexo, porque o preconceito não tem fundamento apesar de ser fundamentado em alguma coisa. Mas é básico que cada um viva à sua maneira, com direitos iguais, cuidando de si, amando e sendo amado. Na construção do Fred, não conseguia achar um motivo plausível para ele agir daquela forma, acabei entendendo que ele queria pertencer. Os amigos dele agiam daquela forma, era um efeito manada. O Cauê é um personagem com infinitas possibilidades, dá muito mais liberdade."

Questionado sobre falar abertamente sobre a sexualidade, Filipe ressalta a importância em falar do assunto: "Escrevo e pesquiso bastante sobre o assunto, acho que até por isso personagens com essa pauta acabam chegando para mim. A sexualidade é um pilar da sociedade, mas é tratada como tabu. O desejo não tem nome, não tem rótulo, ele é mais forte que tudo isso e, em muitas situações, por uma construção social, as pessoas acabam não vivendo plenamente."

"Não acho que isso aconteça só na relação homoafetiva, a estrutura patriarcal é muito forte e sempre tem personagens a serem exercidos quando, na verdade, o espectro da sexualidade vai além dos "papéis" estipulados", disse. Sexualmente livre, como se define, ele ainda relata já ter se relacionado com um homem, mas "sente que existe algo de pessoas". "A sexualidade é uma coisa mais comportamental do que fatídica. Mas, na infância, não fui o menino que esperavam e isso gerou traumas difíceis, principalmente em colégios. Eu não conseguia ir comprar meu lanche na cantina sem ser agredido verbalmente."

Ribeiro complementou: "Estudava em uma escola de freiras e ninguém sabia como lidar. Por muito tempo, fiquei sozinho me cobrando caber em alguma caixa e isso esbarra diretamente naquilo de você não viver plenamente, sempre com medo ou buscando aprovação externa."