Atriz estrelou mais de 40 filmes do gênero
Redação Publicado em 10/02/2021, às 05h00
Considerada a rainha dos filmes de pornochanchada, Zilda Mayo, de 67 anos, estrelou 42 filmes e fez muito sucesso no cinema nacional, no teatro e nos programas de auditório principalmente nas décadas de 70 e 80.
Figurinha carimbada nas produções da Boca do Lixo – polo cinematográfico e reduto do cinema independente no centro de São Paulo, na região da Luz, nas décadas passadas –, a atriz contou que as pessoas rotulam o gênero de forma negativa porque confundem com sexo explícito.
“A minha história é de luta e de coragem”, começou ela, ressaltando a diferença: “Tenho que falar sobre sexo explícito a vida inteira… As pessoas não sabem diferenciar a pornochanchada da pornografia, então tive que me defender a vida inteira dizendo ‘nunca fiz sexo explícito’, ‘nunca fiz filme pornô’, fiz a pornochanchada, era um faz de conta, uma simulação”, defendeu ela, em conversa com Lucas Hit, do Clube da VIP.
Na conversa, a atriz explicou que a proliferação dos filmes pornô acabou deixando muitos atores e atrizes desempregados.
“Acabou com o trabalho de todo mundo… dos atores, dos técnicos, todo mundo. O pornô acabou com o nosso trabalho. Ninguém quis fazer [filme pornô], obviamente. Não me convidaram para fazer porque já tinham certeza que eu não faria”, argumentou ela.
Famosa na época por conta da quantidade de filmes, Zilda revelou que as locadoras costumavam “mesclar cenas” para anunciar filmes de sexo explícito com seu nome.
“Isso foi terrível. Eu tinha muito espaço em locadoras, muitos filmes em VHS. As locadoras colocavam lá para vender o meu nome, colocavam um casal fazendo sexo explícito, jogavam dentro da história sem nenhuma conexão, e anunciavam ‘filme de sexo explícito com Zilda Mayo’. Cansei de acionar advogado”, contou.
Atualmente longe dos holofotes, Zilda contou que está em busca de trabalho na TV, teatro ou cinema, e ressaltou sua extensa lista de trabalhos.
“Acho triste a pessoa ter que fazer uma novela na TV Globo para ‘perder o rótulo’ de que fez pornochanchada. Eu defendo a pornochanchada, me deu muita coisa, nunca tive problema com isso, mas sou mais do que isso. Sou uma atriz que tem talento, sou comediante, faço qualquer personagem”, disse ela.
“Fiz comédias incríveis, fiz drama, filmes lindos. O que eu quero? Quero voltar a trabalhar no que eu gosto, teatro, cinema e televisão. Quero que as pessoas me reconheçam, me chamem para papéis desafiadores. Só me dão papel de gostosa e de doida, quero fazer avó, mãe, gente do morro, qualquer coisa”, continuou.
Zilda contou que todo o elenco tinha o objetivo de “gravar de primeira” as cenas para economizar rolo de filme, artigo caro na época. Acostumada a finalizar suas cenas de primeira, a atriz contou que dificilmente interrompia as gravações.
“Teve uma vez que fui fazer uma cena em Mongaguá, num filme com Marcio Prado… Era noite, no meio do mato, sabe? Estávamos os dois pelados no chão, a cena começou a rodar, e eu notei que estava em cima de um formigueiro. Eu rodava tudo de primeira… O Osvaldo Oliveira [diretor] era terrível, fantástico. Tive que cortar”, lembrou, dando risada.
COLUNISTAS