Atriz chegou vender bolo nas ruas para arrecadar dinheiro para peça
Redação Publicado em 29/06/2022, às 07h38
A atriz Andreia Horta, de 38 anos, falou sobre os perrengues do início da carreira de atriz e revelou, entre outras coisas, que chegou a abandonar um trabalho (de figurante) após ser desrespeitada no set de filmagem.
“Houve uma situação de eu dizer ‘estou indo embora porque não sou obrigada’. E eu dura, fo***, cagada. E eu precisava daquele cachêzinho de figurante. E (na situação, aconteceu) de eu dizer assim: ‘Vai se fo***, você não vai falar comigo assim. Vou embora e rasgar esse papel aí que eu assinei’. Hoje acredito mesmo que as coisas mudaram muito. Era um tempo politicamente incorreto”, contou ela, durante entrevista ao canal Meu Nome é Correria, de Cazé Pecini.
Com muitos trabalhos na TV, no cinema e no teatro, ela explicou que “havia muita humilhação” nos trabalhos de figuração. Na época, ela estudava em uma faculdade em São Paulo.
“Tinha muita humilhação. Não era maneiro. Algumas experiências foram incríveis, inesquecíveis, guardo com carinho até hoje. E outras eu não guardo com nenhum carinho. Algumas coisas relacionadas à maneira como a gente era tratado às vezes, sabe? Na prova de roupa, nas condições de trabalho, o lanche que era servido, a quantidade de horas... Não sei como está hoje porque é um mercado com o qual não tenho mais contato”, explicou.
No programa, a mineira explicou que, dos 18 aos 22 anos, fez alguns trabalhos publicitários, e que passou a “rejeitar testes” após saber das exigências (principalmente de mostrar o corpo) dos contratantes.
“Em 2022, hoje, essas discussões ganharam muito corpo, muita consciência, muito estudo. A voz dos humilhados e ofendidos se levantou e regulou um pouco como as coisas devem ser. Então, é possível que nessa minha época, de 2001 a 2006, dos meus 18 aos 21 anos, também eu ainda uma menina, entendendo como me defender, como me posicionar, como dizer ‘não pode falar comigo assim’, ‘assim você não vai falar comigo’, eu ia para o banheiro e chorava. Você está ali, precisa fazer aquela parada, entendeu? É honesto, você vai dali para a faculdade, vai dali para a aula (...)”, lembrou.
Andreia contou que foi para as ruas de São Paulo para vender bolo, a fim de arrecadar grana para fazer uma peça:
“Eu morava em Santo André. Na peça, a gente não ganhava nem um centavo. O que entrava de bilheteria era para pagar os técnicos (...) Eu fazia uma receita de bolo de laranja da minha mãe, que era facinho (...) E aí eu vendia a R$ 1 o pedaço na época. Embrulhava no papel alumínio e vendia na porta do centro cultural (...) Então, teve esse bolo que fiquei vendendo um tempo, vendia para a galera do elenco, para o pessoal do centro cultural. Até ganhar a freguesia, da galera saber que o bolo era honesto e bom, levou o tempo da temporada. Mas quando acabou a faculdade, eu estava com vontade de ter alguma coisa autoral. Eu precisava gerar a renda de uma coisa sem ter que pagar para ninguém. Peguei tudo o que tinha escrito nos caderninhos (...) e fiquei vendendo na rua”, revelou.
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