Inserido ou não na cultura pop, com certeza você já ouviu a palavra "cosplay". O termo é a junção de duas palavras: "costume" e "roreplay".
Redação Publicado em 07/09/2019, às 16h46 - Atualizado às 22h25
Inserido ou não na cultura pop, com certeza você já ouviu a palavra “cosplay”, não é mesmo? O termo é a junção de duas palavras: “costume” (em inglês) e “roreplay”. Pode-se traduzir como “representação de personagem a caráter”. Já os cosplayers são as pessoas que fazem essa caracterização.
No entanto, por mais que essa prática venha ganhando muita notoriedade no Brasil nos últimos anos, ainda está fora do radar de muitas pessoas. Mesmo com o boom dos super-heróis, impulsionado por Marvel e DC Comics, e com brasileiros lendo cada vez mais mangás, o cosplay ainda é novidade para uma grande parcela da população.
No Geek City 2019, evento realizado na semana passado no Expo Barigui, em Curitiba, nós fomos conversar com os cosplayers e tentar entender um pouquinho desse mundo. Durante os três dias de evento nós falamos com mais de 20 cosplayers, e o resultado você pode ver abaixo.
E aí, quem é o seu personagem preferido? Homem de Ferro ou Capitão América? Ah, mas tem o Thor também! E a Viúva Negra… pois é, impossível ter apenas um personagem preferido. Mas e se você precisasse dedicar meses para dar vida ao seu herói favorito, o que você levaria em consideração?
“Yu Gi Oh é uma é uma franquia que tem um peso pessoal para mim, então aqui em Curitiba se tem uma menina andando de cosplay de Yu Gi Oh é 90% de chance que seja eu”, afirma Renata, que no 1º dia de Geek City estava caracterizada de Mago Negro, da série Yu Gi Oh.
Outras pessoas acabam escolhendo o personagem de acordo com características em comum que possuem. “Eu decidi fazer o John Stewart porque eu acho que sou bem parecido com ele, né? Entre as coisas que ele já fez, por ele ser ex-militar, assim como eu, por isso eu entrei nessa linha, até porque ele é mais fechadão”, comenta Rodrigo, que se inspirou no jogo do Lanterna Verde para a sua caracterização.
Já Deodato, que atua como cosplay há um ano, diz que ter escolhido seu personagem – Ja’Far, de Aladdin – pelo fato de simpatizar com o vilão e, segundo ele, “existem vários heróis, então são poucos os vilões que aparecem em eventos geek e eu quis incorporar apenas os vilões, começando pelo Ja’Far”.
Fazer com que peças de roupas e acessórios usados na ficção sejam viáveis no mundo real é uma missão que envolve muita dedicação e criatividade. Alguns cosplayers preferem terceirizar o serviço, tendo em vista que hoje em dia existem ateliês focados em produção de cosplays. Por outro lado, outros optam por fazer tudo sozinhos e esse trabalho pode demorar meses ou, até mesmo, anos.
“Eu fiz tudo sozinho, mas se você for contar desde o tempo que eu usava a roupa para a atividade de educação ambiental, essa roupa já tem quase 15 anos. Então, ela foi evoluindo aos poucos e ganhando acessórios diferentes, mas nunca está terminada, sempre tem algo novo para melhorar”, explica Manoel Lucas.
Manoel, que estava de Gandolf no Geek City 2019, explica que usava a sua caracterização para explicar o ritual do fogo em seu trabalho, foi aí que surgiu a ideia de levar isso para o mundo cosplay. Incrível, né?
Já Luciano Guilherme, fã do Batman, leva o cosplay muito a sério. Enquanto conversávamos, ele nos explicou que “esse material vem de fora, de uma licenciada dos estúdios da Warner no Canadá. Eu já estou com esse traje há mais de 10 anos”. Além disso, Luciano é o responsável pela exposição 80 anos do Batman, uma das atrações do evento.
Alguns usam e abusam da criatividade para elaborar seu personagem. Natália, 22, no 3º dia de Geek City estava de Cersei, de Game of Thrones. Ela nos contou que o seu vestido estava para ser jogado fora por uma amiga, então ela o comprou e restaurou. Além de acrescentar novos detalhes. E o resultado ficou incrível.
Em todas as conversas que tivemos com os cosplayes uma coisa foi unânime: a relação com o público é muito legal.
“Eu gosto de vim para os eventos mais para tirar foto, eu adoro modelar os personagens que estou fazendo cosplay”, brinca Renata. Ela foi uma das primeiras a entrar no espaço do evento e, ao longo do dia, foi extremamente requisitada para fotos e vídeos.
Ravel e Francine, que estavam de Spider-Man e Spider-Gwen de Homem-Aranha no Aranhaverso, respectivamente, dizem que muitas pessoas pedem para tirar foto com eles, principalmente por serem um casal. Ravel, que é programador júnior, ainda diz “eu fico chateado com as pessoas que não têm coragem de pedir para tirar foto, ficam com medo, eu fico mal por elas porque eu já fui assim também”.
Tatiane, de 22 anos, tem uma relação bem especial com o Geek City 2019 e com o público: era o seu primeiro cosplay! Incentivada por seu namorado e sua paixão por Star Wars, ela foi ao evento de Sith e estava extremamente feliz com a recepção do público.
Sabe quando você não consegue imaginar o seu professor fazendo outra coisa que não seja dar aula? Então, no mundo cosplay é mais ou menos assim. Muitos de nós, ao ver uma pessoa caracterizada, não imagina que ela tenha uma vida “normal”. E foi pensando nisso que conversamos um pouco com a galera como é a vida fora dos eventos geeks.
Aos que acham que fazer cosplay é coisa de jovem, já fica o aviso: vocês estão errados. Manoel Lucas – o Gandolf – tem, segundo ele, “53, quase 54 anos”. Já o Rodrigo (Lanterna Verde), por exemplo, tem 32 anos e é designer gráfico. Que coisa legal, não é mesmo?
A Francine é acadêmica e professora de física e diz que, fora dos eventos, ela e seu namorado vivem uma vida normal. “A gente trabalha, assiste filmes, séries e animes, às vezes a gente vai até para a balada. Nós já estamos juntos há 5 anos e esse é o primeiro cosplay que fazemos combinando”, explica o casal.
Ao longo dos três dias de evento nós conversamos com estudantes, professores, diretores de empresas, engenheiros, analistas de projetos, com um médico veterinário e uma instrutora de pole dance. Isso confirma o crescimento da cultura geek no Brasil e diversidade que ela oferece, o que é algo fantástico!
Pudemos conhecer várias histórias incríveis no Geek City 2019, desde a Tatiane que estava vivenciando sua primeira experiência cosplay até o Luciano que encanta o público como Batman há 15 anos.
E aí, matamos um pouquinho da sua curiosidade sobre o mundo cosplay? Independente de quão elaborada seja a roupa, do personagem ser herói ou vilão, de idade e gênero, uma coisa é clara: cosplayers são gente como a gente!
*Colaboraram Chris Aguilera e Luiz Henrique Oliveira, direto do evento em Curitiba
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