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Ricardo Petraglia abre o jogo sobre plantação de maconha em casa: “Sou um velho maconheiro ativista”

Ator contou que a vida ficou mais tranquila após conseguir habeas corpus

Ricardo Petraglia falou sobre plantação de maconha em casa - Foto: Reprodução/ Instagram@mobydickshow2
Ricardo Petraglia falou sobre plantação de maconha em casa - Foto: Reprodução/ Instagram@mobydickshow2

Redação Publicado em 20/06/2022, às 06h42

Ativista pela legalização da canabis, o ator Ricardo Petraglia, de 71 anos, revelou que a maconha foi sua “porta de saída” para todas as outras drogas que usava na década de 80.

Ao falar abertamente sobre o assunto, o ator contou que passou a usar a erva após ser diagnosticado com hepatite C, por conta do compartilhamento de drogas.

“Até 1985, eu era um drogado. Nunca fui de beber, mas cheirava, injetava, tomava ácido, fazia de tudo. Aí fui doar sangue para uma pessoa e descobri que tinha hepatite C, que peguei pelo compartilhamento de drogas. Então, parei com todas elas, me impus isso. Ou eu morreria ou optaria pela vida. A maconha foi a porta de saída para todas as outras drogas, uma válvula de escape. Eu já fumava antes também”, contou ele, ao jornal Extra.

 
 
 
 
 
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À publicação, Ricardo explicou que começou a plantar a canabis em casa em 2005 após conseguir um habeas corpus. Ele precisava comprar o óleo da erva, que usava para tratar dores, já que não podia tomar analgésicos e anti-inflamatórios, por conta da hepatite. 

“Em 2005, eu fiz uma operação coxofemoral para colocar uma prótese. Isso desequilibrou a minha coluna e comecei a ter dores inacreditáveis. Não podia tomar os analgésicos e anti-inflamatórios, por conta da hepatite. E meu médico perguntou por que eu não experimentava canabis. Respondi: ‘car****’, eu experimento todo dia’ (risos). Então, fui buscar o óleo, mas custava uma fortuna e ainda custa. Meu salário do INSS pagaria dois vidrinhos. Aí entrei com um processo para poder plantar, alegando que não tinha condições econômicas de comprar o remédio e assim consegui um habeas corpus. Desde então, a minha vida está tranquila”, continuou.

O ator defende que o uso da maconha no tratamento pode ser de diversas formas:

“Todo uso é medicinal e terapêutico. É a mesma planta. Você pode fumar, vaporizar, fazer uso tópico com pomadas, via oral com o óleo ou na comida, como supositório anal ou vaginal, que costuma ser usado para cólicas menstruais. Tem gente que diz: ‘Que medicinal, que nada! Olha o baseado na boca dele’. Mas o baseado é medicinal”, ressaltou.

Antes de adquirir o habeas corpus, o artista explicou que chegou a tomar várias duras da polícia por conta do uso de maconha:

“Já tomei várias duras, tapa na cara da polícia. Muitas histórias na estrada, na praia... Mas olha que engraçado: quando os guardas me paravam e davam dura, a educação era uma. Depois que eu tirei um habeas corpus e tenho licença, eles são educadíssimos, sorriem, perguntam. De dois em dois meses, a polícia vem aqui para checar minha plantação e ver se não estou fazendo uma farra. Na maioria das vezes não sabem nada. Eu mostro o cheiro e duvidam que é de maconha. Porque estão acostumados ao cheiro do prensadinho paraguaio, mofado e cheio de semente. Dizem: ‘Nossa, mas é muito diferente’. Acho ótimo quando eles vêm porque tenho a oportunidade de informar e instruir a respeito. Dizem que é muito importante eu fazer isso. Já sugeri de fazer um seminário aqui para promotores, juízes e policiais também”, revelou.

Ao falar sobre o posicionamento de outros artistas sobre o assunto, Ricardo criticou:

“A nossa elite intelectual, econômica e artística é covarde de não se colocar e não sair do armário. Só com esses usuários se mostrando é que a sociedade vai ver que isso não é coisa de bandido, e sim de gente comum. O fato de a pessoa fumar maconha não define seu caráter”, defendeu.

O artista acredita que a hashtag #saidoarmáriousuário pode ajudar na legalização da erva no Brasil.

“Acho que fui eu [em criou a hashtag]. No Uruguai, a legalização começou assim. Os usuários saíram do armário. Não começou por pressão de tráfico ou farmácia. As pessoas começaram a ver que o vizinho médico fumava, o juiz também. A mãe dava maconha para o filho com epilepsia. Pensavam: ‘Esse cara é meu amigo, não é bandido, não merece ir preso por fumar uma planta’. No meu podcast, entrevisto padre, juiz, delegado, artista... Pessoas que fumam e que não fumam”, completou.