Atriz fala sobre relacionamentos, tabus, sexo e feminismo
Redação Publicado em 09/12/2020, às 12h54
Em entrevista ao podcast Calcinha Larga, a atriz Fernanda Nobre comentou sobre os vídeos que tem feito em seu IGTV durante o isolamento, nos quais fala sobre temas amorosos e sexuais. A atriz também falou sobre seu relacionamento aberto com José Roberto Jardim.
"O José tem essa generosidade, esse amor (de olhar para o companheiro e sentir felicidade de ele poder viver outras coisas). Eu, menos. sou de um lugar mais egoísta. Ano passado li um livro que tem uma frase que me tocou: 'Quando você namora um cara, encontra um sapo que vai transformar em príncipe'. E os homens olham para a gente do jeito que a gente é, e eles odeiam que a gente mude o nosso jeito. E eles se apaixonam pelo jeito como a gente é, e depois eles ficam ressentidos conforme a gente vai mudando durante os anos. O Zé fala muito isso. Quando a gente se conheceu, eu estava transando com dois amigos dele ao mesmo tempo. E ele falava: 'Cara, não vou namorar você. Você está no auge da sua potência, no auge da sua liberdade sexual, e eu acho lindo isso'. E eu não entendia. 'Estou transando com todo mundo, ó. Você não está namorando comigo'. E ele 'Tá! Tudo bem'. Porque ele é um cara mais seguro e tem essa generosidade. Eu achava difícil de compreender isso, como se fosse uma falta de amor. Mas eu me apaixonei."
Ela também fala que quis entrar em um relacionamento sério: "Eu falei: 'Cara, estou a fim de ter um namoro. Se não for com você, vai ser com outro cara'. A gente saía com outras pessoas, mas vivia essa relação que era aberta, não tinha rótulos [...] A gente ficou um tempo na monogamia, certinha, nananã... E eu insegura, coisa que eu não tinha quando estava sem o rótulo. Eu não vivia em insegurança."
Sobre o motivo de ter escolhido uma relação não-monogâmica, ela revela: "O que eu busco com o relacionamento aberto é equidade sexual, equidade de liberdade." Sobre sexo com mais de uma pessoa, ela diz: "Eu nunca vivi ele transar com uma pessoa mais de uma vez. A gente nunca viveu isso. Não tem essa regra, só não vivemos até hoje isso."
Ela também contou que acha que não seria possível manter esse tipo de relação após a maternidade: "Quando você é mãe, essa equidade já não existe, por mais que você tenha um marido muito maneiro, muito parceiro, um pai muito presente [...] Imagina a culpa de se afastar do filho para transar?"
A atriz finalizou falando sobre os padrões de beleza impostos pela sociedade: "Comecei a ser atriz com 8 anos de idade. E eu, loira, pequenininha, mignon, de olhos azuis, ainda mais na década de 90, fui colocada neste lugar de princesa, de menina. E eu sempre fui uma criança muito doente porque tenho uma asma muito grave. Aí fui colocada nesse lugar. E sempre fui muito doce, frágil e cuidada por causa da doença. Quando você faz televisão, entra num rótulo muito rápido. Aí esse rótulo da doçura foi colocado em mim e quando eu fui para a adolescência eu detestava. Eu era arisca. Odiava que as pessoas falassem que eu era fofa. Era como se estivessem me xingando. Com a maturidade encontrei esse equilíbrio."