Casa Gucci é baseado em uma bizarra história real; conheça os detalhes
Redação Publicado em 25/11/2021, às 10h59
Estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (25/11) o filme "Casa Gucci", dirigido por Ridley Scott e estrelado por Adam Driver, Lady Gaga, Al Pacino, Jared Leto e Jeremy Irons.
O filme faz uma recriação da turbulenta história da família Gucci, uma das mais importantes do mundo da moda. A guerra por poder e influência dentro da grife acabou com a morte de Maurizio Gucci, um dos herdeiros da marca. O assassinato foi encomendado por sua ex-esposa, Patrizia Reggiani.
A seguir, você vai conhecer um pouco da história real na qual o filme se baseou. Confira:
Maurizio Gucci era um dos herdeiros da marca Gucci, já que neto de Guccio Gucci, fundador da grife, e filho do ator Rodolfo Gucci. Durante uma festa realizada em Milão, ele conheceu Patrizia Reggiani, filha de um empresário do ramo de caminhões. Eles se apaixonaram e se casaram em 1972. Na época, eles tinham 24 anos.
Durante o tempo em que permaneceram casados, eles tiveram duas filhas: Allegra e Alessandra. O casal vivia uma vida de luxos e extravagância, promovendo enormes festas e adquirindo casas ao redor do mundo. O casamento parecia perfeito, mas a morte do pai de Maurizio, em 1983, causou um tremor na família aparentemente perfeita.
50% da marca caiu nas mãos de Maurizio, que virou o presidente da empresa. Entretanto, decisões que ele tomou à frente da marca deixaram Patrizia descontente, e gerou intensas brigas entre o casal. Ela começou a ficar ressentida de ter sido "abandonada" como conselheira do marido, segundo a própria afirmou em entrevista à "Forbes".
A decisão de Maurizio envolvendo a compra de assentos no conselho da família através da empresa Investcorp causou uma crise gigantesca entre eles. "Eu estava com raiva do Maurizio por muitas, muitas coisas na época. Mas acima de tudo, isso. Perder a família para os negócios. Eu fui burra. Eu falhei. Eu fui preenchida pela raiva, mas não havia nada que eu pudesse fazer", afirmou ela na época da entrevista.
Em 1985, Maurizio se despediu de Patrizia dizendo que ia sair para uma viagem de negócios. Acontece que ele não voltou: o casamento havia terminado ali. A situação se arrastou até 1993, quando as más decisões comerciais fizeram com que ele vendesse as ações que tinha comprado. Ao mesmo tempo, o empresário apareceu com a nova namorada, a designer de interiores Paola Franchi. Os papéis do divórcio chegaram nas mãos de Patrizia em 1994.
Pelo acordo, ela receberia 1 milhão de dólares por ano. Patrizia, no entanto, não gostou do acordo e ainda não havia engolido toda a situação envolvendo seu agora ex-marido.
No dia 27 de março de 1995, Maurizio Gucci levou três tiros no peito em plena luz do dia em Milão. O assassino entrou no prédio onde ele trabalhava e efetuou os disparos à queima-roupa. Nenhuma testemunha reconheceu o rosto do criminoso.
O crime chocou a Itália. A polícia passou a investigar o assassinato, mas tinha poucas pistas a respeito da motivação e da autoria, até que em 8 de janeiro de 1997, uma ligação anônima começou a desvendar o mistério. A pessoa do outro lado da linha falou com Filippo Ninni, chefe de polícia da cidade italiana de Lombardia, e afirmou que só diria um nome: Gucci.
Ninni conseguiu um encontro com o informante, que explicou que ouviu o momento em que o assassino de Maurizio foi recrutado em um hotel barato nos arredores de Milão. Com esse depoimento, a polícia conseguiu refazer o caminho do assassino e terminou por descobrir quem foi o mandante do crime. No caso, "a" mandante: Patrizia Reggiani.
A socialite nunca escondeu, em entrevistas, a sua raiva pelas atitudes de Maurizio. A polícia desconfiava de seu envolvimento, mas nunca teve provas concretas até o depoimento do informante.
Após uma extensa investigação, a polícia descobriu que Patrizia tramou o crime ao lado de Pina Auriemma, amiga e vidente, que receberia 600 milhões de libras para matar Maurizio. Pina pediu ajuda a Ivano Savioni, um porteiro que contactou Orazio Cicala, que por sua vez, contratou Benedetto Ceraulo, o assassino que disparou os tiros.
A prova definitiva veio quando um policial disfarçado conseguiu gravar uma ligação entre todos os envolvidos. Para isso, ele se disfarçou de assassino de aluguel e disse ao grupo todo que Patrizia devia dinheiro a ele. Com isso, ela acabou entregando o plano sem saber que estava sendo gravada. Todos foram presos.
Patrizia foi levada a julgamento em 1998 e nunca demonstrou remorso pelo crime, o que fez com que ficasse conhecida como "viúva negra" pela imprensa italiana. Ela foi condenada a 29 anos de prisão por planejar o assassinato do ex-marido.
Ela passou a cumprir sua pena em San Vitore, em Milão. Seu advogado negociou e conseguiu algumas regalias para ela, a diferenciando de outras presas. "Eu dormi bastante. Eu cuidei das minhas plantas. Eu cuidei de Bambi, meu furão de estimação", disse ela em entrevista ao "The Guardian".
Patrizia poderia ter sido libertada em 2011, quando recebeu a oferta de liberdade condicional: ela poderia sair da prisão caso arrumasse um emprego. Ela negou, dizendo que a oferta era uma "blasfêmia" por ela nunca ter trabalhado na vida. A socialite só cedeu e acabou aceitando o acordo em 2014.
Quando procurava um emprego, Patrizia chegou a afirmar que seria uma ótima funcionária na Gucci. "Eu fiz compras ao redor do mundo. Eu vim de um mundo de joias, e é a esse mundo que eu quero retornar", disse na ocasião. Evidentemente, a marca recusou seu currículo. Ela, então, passou a trabalhar como consultora para a Bozart, famosa empresa de joias.
Atualmente, Patrizia tem 72 anos. Em entrevista recente, ela se disse incomodada com o fato de Lady Gaga, que a interpreta em "Casa Gucci", não ter entrado em contato para falar sobre o filme.
"Fiquei incomodada com o fato de Lady Gaga me interpretar no filme de Ridley Scott sem nem ter feito a cortesia ou ter tido o bom senso se me encontrar e me conhecer. Não tem nada a ver com dinheiro porque eu não vou aceitar um único centavo do filme. É sobre bom senso e respeito. Eu digo isso com toda a simpatia e apreço que tenho por ela", afirmou.
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