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Adele Fátima lembra ensaio nu durante Ditadura Militar: “Usavam talco para esconder nossos mamilos”

Mulata de Sargentelli foi símbolo sexual nas décadas de 70 e 80

Adele Fátima lembrou ensaio nu na Ditadura Militar - Foto: Reprodução/ Instagram@clubedavip
Adele Fátima lembrou ensaio nu na Ditadura Militar - Foto: Reprodução/ Instagram@clubedavip

Redação Publicado em 09/03/2021, às 16h53

Uma das mulatas de Oswaldo Sargentelli e símbolo sexual nas décadas de 70 e 80, Adele Fátima lembrou como eram os ensaios nu na época da Ditadura Militar e contou, entre outras coisas, que a equipe de produção tinha um truque insólito para esconder os mamilos das modelos na imagens. 

“Muita gente não sabe. Não podia mostrar pêlos na época. Assim que eu comecei a posar, eles colocavam talco no nosso mamilo para não mostrar nem os mamilos, porque era proibido. Depois liberaram os mamilos, começaram a mostrar as formas das mulheres e ficou uma coisa mais graciosa. Eu adorava. Fiz todas as revistas masculinas da época”, disse ela, a Lucas Hit, do Clube da VIP.

Os ensaios, segundo a própria Adele, eram importantes para a época para “aliviar a tensão” política e desestressar.

“Na época da Ditadura, esses ensaios serviam para amenizar a tensão e alimentar a mente das pessoas, os homens gostavam de imaginar, de sonhar, de fantasiar, a mente criava coisas boas. As modelos apareciam como deusas, para inspirar coisas boas, inspirar desejo e prazer. Meu propósito era fazer algo bonito. Não me arrependo de nenhum deles”, continuou.

“Hoje os ensaios são pornográficos”

Muito requisitada para ensaios, Adele criticou a “mudança artística” dos ensaios da época e dos ensaios mais atuais:

“Meu primeiro ensaio foi para a Ele e Ela. Foi eles que me convidaram, depois eu fiz Playboy, mas não para a capa. Eu era a pessoa do momento. Chamava a atenção. Fiz capa de disco, comercial. Daí me chamaram para fazer esse ensaio nu. Achei válido porque tinha arte. Não era ginecológico, não gosto disso. Meus ensaios eram finos, fui convidada até pela Playboy alemã”, lembrou.

“A mulher perdeu o valor quando começou a aceitar certas coisas, ninguém é obrigado a aceitar nada. Ousar não é errado, as coisas tem que evoluir, mas não para o lado da pornografia e se tornar um objeto sexual, isso é muito ruim. A mulher tem que estar sempre dentro daquela feminilidade, da sensualidade, para envolver de um jeito gostoso. É algo delicado e amoroso”, refletiu.

Preconceito na Playboy Brasil 

Em 1978, Adele participou de um ensaio coletivo com as meninas de Osvaldo Sargenteli para a Playboy e chamou a atenção do mundo, tanto que foi convidada para ser capa da edição alemã da revista.

“Já havia feito várias revistas masculinas no Brasil, mas aqui eu fui capa umas quatro vezes, porque não gostavam de pessoas de pele escura na capa da revista. Era o maior preconceito, o maior facismo. Nunca uma negra faria uma capa naquela época. Eles não gostavam muito. Tinha essa coisa da sociedade preconceituosa”, lembrou.

“O preconceito que eu sofria naquela época eu sofro até hoje. Quanto mais o tempo passa, há mais cobrança em cima de você. É uma cobrança absurda. O que vale hoje é mídia instantânea, algo estúpido ao meu ver, e a sociedade apoia e é cumplice”.

Adele explicou que preferiu se manter longe dos holofotes porque acredita que a imprensa não tem cuidado com os artistas.

“A vida é assim: quando você sobe numa palmeira, você demora, você se arranha, leva tempo, mas você chega lá em cima. Quando você está lá em cima, seis torcem por você e 50 balançam a palmeira para ver você cair. Eu fui muito prejudicada pela mídia. Uma coisa ridícula. Acontece muito no Brasil, não há cuidado com o artista, cantor, jogador. Eu prefiro não estar na mídia mais”, declarou.