Karla Gracie comenta sobre escolha da música em vez de jiu-jitsu: "Minha família não aprovou"

Prima de Kyra Gracie teve ensinamentos do esporte desde criança

Redação Publicado em 18/02/2021, às 08h03

Karla se dedica ao trap desde 2019 e lançou seu quarto single neste ano - Reprodução/Instagram

Prima da lutadora de jiu-jitsu Kyra Gracie, Karla Gracie comentou sobre sua escolher a música em vez do jiu-jistu, mesmo tendo ensinamentos do esporte desde criança, em entreevista à Revista Quem

Diferente da prima, Karla, que é filha de Pierino de Angelis, mestre faixa vermelha e branca de jiu-jistu, seguiu a carreira musical: "O jiu-jítsu sempre teve esse lado muito forte por causa da minha família, mas nunca tive a intenção de levar para o lado profissional. A intenção era fazer música mesmo".

Ela continuou: "Quando eu era bem novinha, meus pais me levavam na igreja aos domingos e eu ia lá para a frente e ficava dançando ao som da banda. Tive umas aulinhas com a professora da igreja também na época. Sempre foi uma vontade muito forte minha de ser cantora. Conforme os anos foram passando, fiz minhas aulas de música e dança".

No entanto, ela revelou que a música não foi totalmente sua escolha: "Minha família não aprovou. Meu pai queria que eu seguisse o jiu-jítsu, mas não foi a minha escolha". 

Se dedicando à carreira de trap desde 2019, a cantora lançará seu quarto single neste ano, abordando temas como feminismo, machismo e empoderamento: "Eu quem escrevo as minhas músicas. Cada composição é muito particular. Tem músicas que são reflexos do que vivi, outras são só situações que eu observo ou histórias que imagino. Cada música vem de um jeito".

"Como todas as mulheres, passo diariamente por situações extremamente desconfortáveis que a gente foi ensinada a não retrucar e a fingir que não ouve as piadas e não vê os olhares maldosos. Situações que não são para deixar para lá. Tive um relacionamento abusivo muito forte, entrei em depressão e foi uma situação bem difícil de sair".

Karla afirmou: "Na época, não sabia que era abusivo, mas depois que passei por isso comecei a conversar com as mulheres e ver que quase todas já passaram por essa situação. Mas a gente pensa que é normal porque a gente vive em uma sociedade muito machista. Acho que está tomando um rumo diferente e as mulheres estão ganhando espaço, mas ainda há um caminho muito árduo para percorrer".

A cantora revelou que foi bem recebida pelos cantores de trap e isso a surpreendeu, porém, ela ainda escuta comentários pejorativos na internet, por ser mulher que está conquistanto seu espaço no segmento musical, que é majoritariamente masculino: "O trap é um nicho predominantemente masculino e conseguir se sobressair é um trabalho árduo. Mas, por incrível que pareça, dentro do meio da música, os homens que cantam trap ficam muito felizes quando me veem cantando, porque não tem muitas mulheres cantando no meio".

"Vejo uma superanimação deles ao ver mulheres entrando no trap. Fora do meio da música vejo preconceito, já recebi mensagens no Instagram com frases desagradáveis". 

Karla ainda rfevelou que é um desafio conseguir conciliar a maternidade com a carreira e o jiu-jitsu, já que é mãe solo de uma menina de 5 anos: "Eu praticava bem assiduamente antes de ter filho, mas depois meu tempo diminuiu muito. Tenho que dedicar muito tempo para ela. A carreira de cantora também é muito instável. Estou sempre em viagem. Mas é algo que quero conseguir conciliar".

"Quero pegar a faixa preta ainda! Mas a minha rotina é muito doida de conciliar. Às vezes, treino, mas não de maneira assídua como gostaria". Fortalecendo Karla fisicamente, o jiu-jitsu já a ajudou a lidar com um assalto: "Já pratiquei diversos esportes, gosto muito de fazer exercícios e aprender coisas novas, mas o jiu-jítsu traz uma autoconfiança muito forte e percepção da vida diferente. Te deixa muito mais em alerta. Já saí de diversas situações, como perceber um assalto. O jiu-jítsu te traz essa visão ampliada de 360 graus, de enxergar a situação antes que ela aconteça".

"É uma ferramenta importante no emocional e na parte física. A filosofia do jiu-jítsu transforma a vida das pessoas. Quantas histórias já vi de crianças que sofriam com autoestima e que tiveram a vida transformada com o jiu-jítsu. Para mim, ele traz um autocontrole", finalizou a artista. 

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