Ator contou que não esperava tamanho sucesso com o público feminino
Redação Publicado em 01/09/2020, às 06h42
Intérprete de Edu na novela Laços de Família, que retorna à grade da TV Globo no dia 7 de setembro, Reynaldo Gianecchini contou que ficou totalmente inseguro, se isolou e chegou a chorar após ver o primeiro capítulo da novela.
À coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo, o ator disse que a insegurança era tamanha (era seu primeiro trabalho como protagonista) que ele pensou em ligar para a TV Globo para dizer que “não ia mais trabalhar” após ver a estreia do folhetim.
“Todo mundo combinou de se encontrar para assistir ao primeiro capítulo. Eu falei: ‘Gente, não, pelo amor de deus, preciso ver sozinho no meu quarto de hotel. Não tenho condições emocionais de estar com ninguém nesse momento’. Aí começou a novela, achei superbonita. Quando meu personagem entrou, fui afundando na cama. Disse: ‘Minha voz é assim? Não vai dar certo’. Quando terminou, achei que nunca mais ia levantar da cama. Eu pesava 300 quilos. Pensei: ‘Não dou para a coisa, não tem jeito, não sei como faço. Vou ligar e falar que não vou mais amanhã’. Fiquei muito mal, me criticando demais. Realmente achando uma merda o trabalho. Então, o telefone começou a tocar, as pessoas achando tudo incrível. E eu chorando, como se de fato não merecesse nada daquilo. Começou assim, nesse meu total dilema. De falar: ‘Meu deus, acho que não dou conta disso’. Mas já tinha aceitado, não tinha nada a fazer a não ser todo dia respirar fundo, entrar naquele estúdio e dar o meu melhor”, lembrou ele.
À publicação, Reynaldo disse que o temor passou após ele descobrir que contracenaria com a atriz Vera Fischer.
“Aceitei muito na coragem. Poderia ser um trabalho para nunca mais. Poderia ser linchado para sempre. Tinha tudo para dar muito errado. Você não faz um protagonista das 21h sem experiência e passa ileso por isso. Hoje em dia, acho que teria sido melhor estrear com experiência. Sempre indico isso: estudem. Eu cheguei muito despreparado, mas fui corajoso, fui querendo aprender a profissão. Isso me salvou. Vejo hoje que era muito verde, mas gosto do meu olhinho de ator. Acho que passei uma fragilidade para o personagem, um brilho de quem está genuinamente ali, sem truque. Isso fez com que o Edu chegasse ao coração das pessoas. Eu tinha uma ingenuidade, uma pureza e uma falta de malícia. Isso, de certa forma, contribuiu para o sucesso”, ressaltou ele.
A estreia em Laços de Família causou o maior burburinho no público feminino. Gianecchini, no entanto, contou que não esperava fazer tamanho sucesso com as mulheres.
“Eu nunca fui padrão de beleza. Nunca fui aquele cara que sai na rua e todo mundo fala: ‘Nossa, que cara lindo’. Claro que não. Eu me achava um cara legal, bacana. Alguém boa praça, que tentava ser simpático com as pessoas e tinha um jeito afetuoso. Me achava OK. Eu não tenho nada que se considere uma beleza gritante. Por exemplo, olho azul, boca grande. Meu rosto é normal, tenho cabelo castanho, olho castanho, boca normal. Tanto que a frase que mais ouvi na minha vida foi: ‘Nossa, fulano é muito parecido com você’. Então, até aquele momento, eu não era um padrão de beleza, um símbolo sexual, imagina. Quando fui para a novela, não esperava nada. Acredito que o sucesso do personagem e esse assédio todo têm a ver com a fantasia que a TV exerce. Olho as chamadas da novela e vejo que a história era irresistível mesmo. Aquele jovem bonitinho ali, com essa fantasia em torno do personagem, que era um príncipe”, disse ele.
O sucesso do personagem Edu foi tamanho, que logo Gianecchini foi chamado para fazer o italiano Tony, em Esperança. Para se reconectar com as origens, ele foi visitar uma tia no interior, e a cidade inteira foi para a frente da casa da família.
“Tinha uma tia muito velhinha, ela já até morreu. Ela guardava coisas da família, fotos... Quis olhar porque ia fazer um italiano. Aí uma vizinha me viu entrando. Fui superdisfarçado. Quando percebi, parecia show de rock. A rua inteira tomada. As pessoas começaram a invadir a casa dela, pular pela janela. Minha tia chorando. Foi uma coisa horrorosa. Fiquei desesperado. Liguei para a polícia, que me resgatou e me pôs no camburão. Eles me fizeram ficar esperando na delegacia até achar um próximo voo. Foi uma história quase traumatizante”, lembrou.
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