Apresentadora deixou a Globo para se focar na carreira de escritora e coach
Redação Publicado em 02/06/2021, às 08h26
Rafa Brites concedeu uma entrevista à Quem, na qual revelou o motivo da sua decisão de ter abandonado a TV em 2019, época em que apresentava o reality Superstar. Atualmente, Rafa é coach e diz que "encoraja mulheres a serem independentes e autênticas".
Ela também está trabalhando com cursos, palestras e como escritora, ajudando seu público a encontrar um propósito na vida.
Rafa fala: "As pessoas falam para mim ‘Poxa, você era uma promessa lá dentro’. Eu estava em ascensão, trabalhando no Mais Você e no Superstar. Sou muito grata pelo tempo que passei lá, meu marido [o apresentador Felipe Andreoli, com quem tem Rocco, de 3 anos] continua trabalhando na Globo".
Ela continua: "Sinto que foi muito importante eu estar lá, mas em algum momento eu senti que o que alimentava a minha trajetória era o meu ego. Senti que ser mais famosa, estar mais bem vestida, estar num protagonismo… uma hora eu vi que queria mais e mais disso. Então, já não importava mais a mensagem que eu estava passando, e sim o quanto eu estava aparecendo".
A ex-apresentadora diz que sua motivação era a vaidade: "Não por culpa de ninguém, mas por minha, eu estava me deixando levar pela vaidade. Achei que recebi muitos recursos na vida, financeiro, de estudo, de saúde e capacidades intelectuais para só querer alimentar minha vaidade, e eu nunca ficaria feliz. Sempre ia ter um passo a frente, algo a mais para conquistar. Quando a gente espera a felicidade no próximo passo, a vida passa e a gente nunca vai se sentir satisfeito".
Ela relembra: "Descobri que queria uma bolsa de marca para mostrar. Ter uma bolsa era para mim como um cartão de visita que antecedia minha chegada. Por meio daquela bolsa, daquela joia que eu tinha comprado, eu já dizia ‘eu sou uma mulher de sucesso’. Só que eu passei a rever o que é sucesso, e pra mim não é dinheiro, não é ter joia. Sucesso pra mim é colaborar com o mundo, mudar a vida de alguém, fazer algo com propósito. Antes meu propósito de vida era algo comigo mesma".
Rafa fala sobre sua mudança de vida: "Hoje eu parei de usar joias, não faço mais nenhum tipo de publicidade para joalherias. Para mim, isso não faz mais sentido. Não quero pagar centenas de milhares de reais numa coisa que é uma pedra. Respeito quem ainda faz, mas desde que a pessoa saiba o motivo de estar comprando, e que não seja para se provar. A pessoa tem que se perguntar se aquilo é importante ou está ali por ela não confiar nela mesma, ou não se sentir bonita, inteligente e capaz o suficiente. É como se eu me enchesse de recursos externos para que não precisasse me mostrar, porque eles falam por mim. É quando vem a riqueza, a ostentação e a futilidade".
"Hoje eu me sinto bonita. Sinto que o que era beleza pra mim era falso. Pra mim, até uma certa idade, era o máximo que eu podia me aproximar do padrão que eu sempre vi. Só que existe esse movimento muito maravilhoso que beleza é expor quem você é. Não tenho medo de raspar o cabelo, por exemplo, porque minha beleza não está ali".
"Tem vezes em que vou querer me maquiar, me arrumar, comprar algo mais caro, mas sempre me perguntando qual o propósito daquilo. Esses dias comprei uma bota muito cara, nunca mais tinha comprado em lojas de luxo, mas comprei com consciência de que aquilo servia para mim".
"O que eu achei que tinha só por metida a besta, eu doei. Doei duas Birkin [modelo da grife Hermès que custa a partir de 50 mil], hoje em dia eu acho descabido alguém usar essa bolsa. Passei a comprar roupas de marcas brasileiras. Antes eu queria ir numa festa com roupa da Chanel, Prada, Versace… hoje eu faço questão de dizer que são de marcas de brasileiras que estão empreendendo, gerando renda para o país e com preço justo. Algumas coisas que faziam sentido, como uma bolsa preta [e cara] bonita, eu continuo usando. Me desfiz de relógio Rolex que não preciso. Minha aliança, que ganhei do meu pai, que era da minha avó, fiquei porque tem um sentido pra mim. Tudo é sobre se questionar qual a motivação de ter algo, e se não for a felicidade plena, é insegurança. Tem tantos recursos para a gente gostar do nosso corpo, da nossa história…", finaliza.