Após diagnóstico de Covid-19, cantora decidiu mudar de endereço para ter contato com a natureza
Redação Publicado em 05/02/2021, às 10h12
A cantora Preta Gil falou sobre distanciamento, maturidade, autoaceitação e amizades em conversa com a Revista Quem. Ela revelou que amadureceu como nunca antes desde o início da pandemia da Covid-19.
Preta, 46, afirmou que após ter sido uma das primeiras artistas a ser diagnosticada com Covid-19, ela tem aproveitado a quarentena para poder refletir e tomar decisões transformadoras, como mudar de endereço pela necessidade de ter maior contado com a natureza: "Foi uma decisão tomada na pandemia. Tinha acabado de reformar o apartamento todinho, mas me senti enclausurada. Fiquei quatro meses sem sair na rua, nem no meu playground eu ia".
"Falo isso no alto do meu privilégio, sabendo de tudo que tenho de bom, mas dentro das minhas condições, achei que aquele apartamento me sufocou. Eu olhava o verde e o mar da janela, mas não sentia o sol tocar na minha pele. Quero uma casa gostosa, com piscina, para reunir a família e os amigos. Minha neta, Sol de Maria, aproveitar. Quis ter uma qualidade de vida melhor".
Preta, que é uma grande voz ativa na web, também comentou que ficou ainda mais destemida na quarentena: "Me posicionei ainda mais, tive menos medo de expressar minha opinião. Militei quando tinha que militar, mas nunca fui uma mulher de impulso, sempre esperei a hora certa para falar. Gosto de observar. Eu maturo e reflito muito antes de me expor. Tenho maturidade de vida".
Ela continuou: "Uma mulher de quase 50 anos muda porque a velocidade é outra, primeiro pela bagagem. Você tem muito mais repertório para analisar as coisas, dar opinião. A pandemia chegou junto com a minha maturidade. Foram choques de duas realidades".
A cantora afirmou que decidiu abandonar os aplicativos de edição de imagens no Instagram, durante um processo de autoaceitação, exibindo as raízes brancas de seu cabelo. Ela também comentou que abriu mão de qualquer procedimento estético doloroso, por menos invasivo que fosse, até mesmo como uma aplicação de botox. "A coisa do cabelo foi o seguinte. Estava doente e no sétimo dia de cama, a Soraia, personal beauty, estava isolada comigo e o Rodrigo (seu marido) e eu falei: ‘Nossa, dois dedos de fios brancos. Liga na farmácia’. A tinta chegou e ela ficava todos os dias perguntando quando iríamos pintar".
"Parei e pensei: ‘Por que vou pintar o cabelo no meio de uma pandemia se estou doente?’. Essa sou eu naturalmente. Decidi deixar durante o isolamento, mas comecei a me olhar no espelho e achar bonita. É uma questão de hábito, porque a gente não foi educado para se gostar de cabelos brancos, gorda, e de tantas outras formas por conta dos padrões de beleza pré-estabelecidos pela sociedade". Preta acredita que o uso de diversos artefatos para poder melhorar a imagem acaba afastando as pessoas da atual realidade.
"A quantidade de gente que nós acompanhamos na internet que quando vê ao vivo assusta. As pessoas pesam a mão nos filtros. Isso não quer dizer que eu não seja vaidosa. Faço tratamento na pele, hidratação no cabelo, aplicação de laser. Esses dias fui na médica e ela falou para eu experimentar um produto novo superbacana. Quando ela enfiou a agulha em mim, falei que não quero. Doeu, senti dor, não estou mais a fim. Vou fazer coisas brandas, tudo que você pode fazer de forma leve para eu me cuidar. Vou ficar sentindo dor para ficar bonita? Não faz o menor sentido".
Preta afirmou qeu aprendeu a envelhecer durante a quarentena e que é melhor entender que está jovem agora, do que quando chegar aos 60 e acabar se iludindo: "Tem muita mulher que se deprime porque não aceita a idade que tem. Porque elas caíram nessa fantasia, nessa loucura da indústria, e não se conheceram. A gente tem que parar de contar uma mentira para nós mesmas para poder encarar os outros. Não vou ser jovem para sempre".
"Isso não existe. Essa ficha cai em algum momento para cada um. Para mim, caiu agora. Não vou ficar deprimida. Isso é a vida. Tenho que me compreender como mulher, buscar luz, evoluir como pessoa". A cantora também comentou que chegou a reavaliar suas relações e o modo como vive. "Quando a gente é mais novo, botamos o pé no acelerador, querendo viver tudo, estar cheia de amigos. O processo agora é mais lento, mais observador, com mais critério, sabedoria. É tudo diferente. Você observa e dá mais valor para as coisas. Hoje em dia, a gente coloca na peneira amigos, comida, roupas e vai vendo o que é o essencial para viver".
"Mas hoje, pela minha idade e a pandemia, quando tudo isso passar, vou dar mais valor à qualidade do que gasto meu tempo". Ela afirma que atualmente escolhe a dedos quem estará ao seu lado. "Quando você é mais novo, quer ser aceito. Para isso, abre um leque e tem muito menos filtro, porque quer ser querido. Eu era essa pessoa. Quando você vai ficando mais velha avalia melhor. Por que eu quero ser amada por uma pessoa que eu não admiro, que eu não gosto? Só para ter quantidade? Conto na mão os amigos que tive troca na pandemia. É aquela velha história: está comigo quem me aceita, me apoia, quem também está comigo nas alegrias e nas tristezas".
A cantora ainda mencionou o sonho de ter um filho com o marido Rodrigo Godoy, casados há cinco anos e namorando há oito. Ela alegou que a maneira que o filho será concebido ainda não foi definida: "Ainda tenho esse desejo, mas temos que conversar de que forma ele irá acontecer. Acho que adotar é um caminho. O Rodrigo quer muito ser pai. Ele é jovem, eu não sou mais. Hoje em dia, temos muitas alternativas. Mas vamos vivendo e a hora que tiver que ser será", finalizou Preta.
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