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Nathália Zannin, bailarina do Faustão, fala sobre o Dia da Consciência Negra: "Valido as nossas lutas"

Dançarina falou sobre mais diversidade nas discussões raciais em entrevista à Quem

Nathália falou sobre a temática racial nesta sexta-feira (20/11), Dia da Consciência Negra - Reprodução/Instagram
Nathália falou sobre a temática racial nesta sexta-feira (20/11), Dia da Consciência Negra - Reprodução/Instagram

Redação Publicado em 20/11/2020, às 09h59

A bailarina e dançarina do Faustão, Nathália Zannin, falou sobre a temática racial à Quem nesta sexta-feira (20/11), o qual é celebrado o Dia da Consciência Negra e também mesma data em que é comemorado o aniversário de morte do Zumbi dos Palmares, uma das maiores lideranças quilombolas.

Em entrevista à Quem, Nathália declarou, revelando que quer ajudar a construir uma nova história imagética sobre as mulheres pretas, onde não só aparecerem e são solicitadas para falar de sofrimento: "Quero lembrar a todas que devemos e podemos ser e estar onde desejamos. Sou mais um exemplo de força, de luta, superação e resiliência. Me informo, me atualizo e me liberto a cada dia, para que eu possa inspirar outras pretas a se libertarem também dos efeitos nocivos do racismo estrutural de nossa sociedade. Valido as nossas lutas, respeito e honro as nossas tristes histórias, mas neste dia 20 quero falar sobre vitória, sobre orgulho, sobre poder, sobre beleza, sobre pertencimento, sobre ocupação, sobre representatividade e presença". 

A dançarina, empoderada, não deseja que sua imagem e de outras mulheres pretas sirvam apenas para representar as dores e tristezas, mesmo tendo certeza de que elas existam ao longo da vida: "Quero uma nova memória sobre os povos negros. Queremos ser lembradas como sinônimo de potência, de inteligência, de qualidade, de riqueza, de poder e excelência". 

Nathália também comentou sobre suas inspirações de força e luta, que, segundo ela, os primeiros exemplos vieram de casa: "Desde pequena fui muito influenciada pelas mulheres da minha família! Cresci vendo minha avó materna criar sozinha treze filhos e cinco netos. Via a força dela, que sempre trabalhou como ajudante geral fazendo limpeza, mas sempre nos ensinou a sermos íntegros, decentes e pessoas de caráter". 

Para ela, Nina Simone, Beyoncé, IZA, Alcione, Taís Araújo, Michelle Obama, Negra Li e Alicia Keys são algumas influências, entre atrizes, cantoras e outras diversas personalidades. Entre elas, uma que também se destaca é a filósofa e escritora Djamila Ribeiro: "Estou lendo um livro dela chamado ‘Quem tem medo do feminismo negro’ e é leitura obrigatória!”, conta. “Aprendi com ela que quando uma mulher se empodera, ela tem condições de empoderar outras". 

Nathália disse que sente cada vez mais representada na mídia, ela lembra do seu processo de transição capiltar e quando começou a aceitar seus traços: "Lembro que aos 13 anos, comecei a alisar o cabelo por achar que para ser aceita, precisava ter os cabelos lisos como os das mulheres que eu via na TV. Mas hoje, ver cada vez mais mulheres negras sendo capa de revista, desfilando para grandes marcas, em posições de destaque e cada uma com seu estilo e personalidade, é muito inspirador". 

Após assumir os cachos em 2019, a bailarina revela que recebeu retorno bastante positivo do úblico: "Chegaram várias mensagens de meninas que também estão se inspirando e parando de fazer alisamentos, aceitando que o cabelo ideal é aquele que te faz sentir poderosa. A transição capilar é um processo lento, mas aceitar e assumir suas raízes, no fim das contas, é libertador". 

Ela enfatizou, além de exaltar sua ancestralidade, a força feminina que possui dentro de si mesma, trabalhadora desde mais jovem, ela teve que batalhar muito para conquistar o espaço que hoje ocupa: "Venho de uma família humilde, cresci na comunidade, então sempre tive uma força dentro de mim. Nada nunca foi fácil pra mim e sou muito grata a cada luta". Ela também indica que mulheres negras precisam provar para os outros sua capacidade e que depois de descobrirem como são resistentes e fortes, não aceitam mais nenhum tipo de opressão.

"Passamos por coisas muito difíceis que outras pessoas privilegiadas não passaram. Então, é normal ter alguns traumas e inseguranças, mas quando a gente descobre o poder que a gente têm, nos tornamos imbatíveis". Nathália concluiu exaltando o movimento negro: "Vamos protagonizar pautas de grandeza, de conhecimento, de política, de ciência, de avanço, de institucionalidade, de saber e de razão. Viva a força e a beleza da pele negra! Viva Zumbi dos Palmares! Viva os povos de origem! Viva os quilombos e as terras quilombolas! Viva a cultura afro-brasileira! Viva o movimento negro".