Modelo disse que diretor exigiu sexo para que ela tivesse mais destaque no programa
Redação Publicado em 08/06/2021, às 07h08
Afastada da TV, a ex-panicat Gabi Levinnt contou que foi vítima de assédio moral e sexual nos bastidores do Pânico e que presenciou muitas “situações desagradáveis” que aconteceram com suas colegas de palco nos quatro anos em que trabalhou no programa.
Ao falar sobre o período, ela contou que só não denunciou os crimes e os assediadores por medo de não conseguir mais trabalho:
“O Pânico não me dava dinheiro, mas me proporcionava fazer outras coisas fora da televisão como campanhas, desfiles para marcas, ensaios de biquíni e presenças vips e isso foi o que me tirou da pobreza. Eu cresci em uma das favelas do Jardim Ângela, aqui em São Paulo, e consegui ganhar dinheiro com esses extras para sair de lá”, disse ela, à coluna de Fábia Oliveira, do jornal O Dia.
À publicação, Gabi disse que não conseguia entender o tratamento que recebia no trabalho: “Eu não entendia direito por que era tão xingada, julgada e recebia ofensas pelo meu trabalho”, continuou.
Com passagens também pelo Legendários e Top Game, a modelo disse que começou a ter crises de ansiedade e depressão por conta do trabalho.
“Eu resolvi largar tudo para tratar de uma depressão. Passei também por várias crises de ansiedade por conta de episódios que eu vivi nos bastidores da televisão. Sofri por uma exposição não tão legal e olha que não era aqueeeeela exposição porque eu nem era famosa, mas eu não queria mais ser vista daquele jeito. Fui fazer terapia, estudar e descobrir realmente quem eu era. Foi uma decisão bem pensada. Tive que sumir para me recuperar da imundície dos bastidores”, afirmou ela.
De todas as situações complicadas, Gabi cita uma abordagem de um diretor do Pânico, que a chamou para um lugar reservado, tirou o pênis para fora, e disse que ela “teria que colaborar” se quisesse ter mais espaço na atração.
“Eu falo de fofocas e principalmente de assédios sexual e moral que eu sofri durante os quatros anos que trabalhei no Pânico. Entrei lá em 2012 e saí em 2018 e vi como era um ambiente machista e tóxico. Muita baixaria. Eu trabalhava no programa Legendários e fui indicada por uma amiga para fazer uma participação no Pânico, onde eu aparecia nua no lugar do entregador de pizzas. Topei porque a nudez nunca foi um problema para mim e até que foi tranquilo porque todos me respeitaram e tudo saiu melhor do que esperavam. Passei a ser chamada para outras gravações e uma vez no intervalo de uma delas, um dos diretores me chamou para um reservado. Eu juro que achei que ele iria passar alguma coisa, uma dica ou me cobrar algo. Não levei na maldade mesmo, mas aí ele me agarrou e colocou o p** para fora. Praticamente me obrigou a fazer um bo***** e disse : ‘se você quer aparecer mais, tem que colaborar’. Saí correndo, me mantive quieta o resto do dia e deixei para pensar o que iria fazer no dia seguinte. Decidi ver qual era a situação”, explicou.
Gabi disse que percebeu que a situação acontecia com certa regularidade com todas as meninas:
“Percebi que aquilo era uma coisa rotineira e que todas as meninas eram assediadas. Das panicats mais famosas até as que só eram participantes de alguns quadros como eu era, todas eram assediadas sexualmente. Também fui vendo que as meninas que topavam ‘colaborar’ iam subindo, iam aparecendo mais nos programas, ganhavam destaques”, declarou.
Além do assédio sexual, Gabi diz ter sido vítima de assédio moral. Ao falar sobre o tratamento que recebia nos bastidores, ela disse que os “únicos que respeitavam eram o Carioca, o Ceará e o Emílio”.
“Nós éramos chamadas de puta e vagabunda pelos diretores e pelos atores. Diariamente. Os únicos que nos respeitavam eram Carioca, Ceará e Emílio. O resto xingava direito. Eu não ligava muito para os xingamentos e não me afetava porque eu sabia que aqueles adjetivos não eram para mim. O que me deixava irritada e possuída de ódio era ter que sair ou dar para alguém para ganhar um destaque no programa. Também não gostava quando passavam a mão na minha bunda. Era direto, eu ficava indignada”, revelou.
Gabi disse que presenciou vários outros assédios com suas companheiras de palco, e que não denunciou por medo de ficar sem trabalho.
A modelo contou que resolveu revelar tudo agora na tentativa de “alertar as pessoas”. Gabi disse também que não tem arrependimento, mesmo após ser agredida fisicamente e passar por terapia.
Ao final, ela ainda citou outro “contra” de trabalhar como panicat: a dificuldade para se relacionar.
“Era quase impossível arrumar um namorado na época de panicat? Nenhum homem queria namorar uma mulher que aparecia de biquíni na televisão e era chamada de puta nas ruas e nas redes sociais. Fico pensando nessas participantes do De Férias com EX' que aparecem nuas e transando sem o menor constrangimento e só as panicats eram putas. Difícil, né? Só agora eu percebi que isso lá no fundo me abalava e eu não tinha ideia desse sofrimento. Sumi do mapa justamente para me fortalecer e ter a certeza de que tudo é um aprendizado”, completou.