Bob é conhecido por fotografar mulheres nuas das capas de revistas masculinas nos anos 80
Redação Publicado em 20/05/2021, às 10h21
Celebrando 50 anos de carreira como fotógrafo, Bob Wolfenson falou sobre fotografar artistas nuas e falou sobre a sua profissão, em conversa com O Globo, além de revelar o lançamento de seu livro 'Desnorte', onde conta sobre a amplitude de seu olhar fotográfico.
Questionado sobre fotografar mulheres nuas, fachadas de prédios e ensaios de moda, Bob comentou sobre 'fazer de tudo em um mercado especialista': "Durante um tempo, busquei essa especialização. Há uma cobrança para que os fotógrafos tenham um estilo definido, uma cara só. Mas eu transito por personalidades diferentes, o que me traz um olhar diverso. Tenho interesses distintos, antagônicos até. Por que não posso fazer mulheres nuas e fachadas de prédios? Eu gosto das duas coisas, e de tantas outras."
Ele prosseguiu: "Nunca fui um fotógrafo de moda, eu estive um fotógrafo de moda. Gosto de estar em todas as frentes. O retrato é um encontro que obedece a natureza dos encontros. Tem algumas coisas que são constantes. Outras acontecem no imponderável. É aí que eu entro". Em 50 anos de carreira, o fotógrafo garante que não tem grandes ambições: "Os desejos aparecem em pequenas notinhas de jornal, em um livro que eu leio, na observação de uma estação climática. Outro dia, uma menina de uma cidadezinha do interior me escreveu no Instagram dizendo que era miss e queria ajuda para trabalhar."
"Pensei: “Taí, vou sair fotografando misses”. Não misses que são mulheres lindas, mas as que sonham em ser". Fotografando nos tempos da playboy, Bob ainda falou sobre como sua mulher encarava o fato de ter um marido registrando artistas nuas: "Não falava. Era um assunto tabu. Marisa - figurinista e mãe de suas filhas Chica, Helena e Isabel - trabalhava com cinema e ficava fora um ou dois dias. Cada trabalho tem sua particularidade."
"Obviamente, no meu, havia uma sedução que não há em outras áreas. Mas havia uma assepsia também. Eu fornecia imagens poderosas no sentido da sensualidade, mas o trabalho em si era asséptico, cheio de gente no estúdio e de pressão para vender um milhão de exemplares. Sem clima". O fotógrafo ainda foi questionado sobre ereção durante os ensaios: "Poderia até acontecer, mas havia uma barreira nítida. De comportamento, de respeito. Eu jamais ultrapassei limites. Sei que era muito invejado nessa época. Mas nunca gostei disso, de ser o invejado. De fálico ali, só mesmo a teleobjetiva."
Wolfenson também falou sobre os retratos importantes, como o do ex-presidente Lula com dona Marisa, nos anos 70, ficaram de fora da seleção de fotografias em seu livro: "A política ficou de fora. Não foi algo proposital, mas evita suscitar questões que o tempo todo aparecem no meu Instagram. (Ele foi alvo de ataques após publicar foto da família Lula da Silva no quintal de casa no dia da morte de dona Marisa). Antes eu respondia cada um dos haters. Mandava pararem de me seguir, e me chamavam de arrogante. Depois, me convenceram a ignorá-los."
"Foi a melhor coisa que eu fiz. Quando você não responde aos imbecis que se escondem atrás do anonimato, eles deixam de te encher", completou.
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