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Alessandra Negrini reflete sobre cultura do cancelamento: "Virou um instrumento de violência"

Alessandra relembra que recebeu diversas críticas ao se fantasiar de indígena

Atriz revelou que não tem medo de se cancelada e que não é uma preocupação para ela - Reprodução/Instagram/@alessandranegrini
Atriz revelou que não tem medo de se cancelada e que não é uma preocupação para ela - Reprodução/Instagram/@alessandranegrini

Redação Publicado em 23/08/2021, às 08h27

Alessandra Negrini fez uma reflexão sobre a cultura do cancelamento e relembrou o episódio em que foi criticada, ao se fantasiar de indígena, durante o Carnaval de 2020 para protestar a favor dos direitos dos povos indígenas. 

Em entrevista ao podcast Novela das 9, Alessandra falou sobre ser contra a cultura do cancelamento e refletiu sobre ter surgido como um importante alerta: "Não sou a favor. Como diria Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Essas coisas precipitadas da internet levam a equívocos. O cancelamento surgiu como uma ferramenta importante balizar as pessoas e falar: 'Não, você não pode fazer isso, isso é horrível'. Ele tem seu valor nesse sentido. Mas virou algo impositivo, virou um instrumento de violência. Então tem que ter sempre o diálogo na própria narrativa."

Ela prosseguiu: "Você tem uma narrativa, mas tem que pensar os prós e os contras dentro da própria narrativa. Ou seja, você tem que parar para pensar. O que tem acontecido no cancelamento é que ninguém para pensar. Eu acho meio fascista o processo do cancelamento, na verdade". A atriz ainda foi questionada sobre o caso ter despertado qualquer reflexão que a faz mudar de ideia sobre ter se fantasiado de indígena. Ela conta que se sentiu insegura sobre sua proposta e que não encontra indício de apropriação cultural. 

"Eu estava muito segura, nem esperava que isso fosse acontecer (...) Essa questão da apropriação cultural é quando não tem troca. Você pega um signo de um grupo, se apropria para você e o grupo que produziu aquilo não recebe nada. Não é o caso. Eu chamei um indígena para pintar o meu rosto, então o trabalho dele estava impresso no meu rosto. Ele tem um trabalho maravilhoso, o Benício Pitaguary. E eu estava lá para mostrar isso. Era a representatividade deles", conta. Alessandra também disse que não costuma pensar em ser cancelada ou não, e afirma:

"'Eu não tenho medo de ser cancelada?'. Não, eu não estou pensando sobre isso. Não é uma preocupação da minha vida no momento. Mas a gente se preocupa em tentar entender o mundo com os melhores conceitos. 'Como pensar o mundo' é uma questão para todo mundo hoje em dia", completou a atriz.