por Eduardo Graboski
Publicado em 10/11/2023, às 10h31
Apaixonado por televisão, Roberto Manzoni, o Magrão, nos deixou ontem aos 74 anos. Fiel escudeiro de Gugu Liberato nos anos 90 e 2000, deixa um legado importante de ousadia, criatividade e revolução na TV brasileira.
Talvez os mais jovens não se recordem, mas Magrão deu vida a programas de auditório que amamos até hoje, incluindo Programa Silvio Santos e Domingo Legal. E lançou quadros clássicos, desses que atravessam gerações.
Uma grande perda, é verdade. Trabalhou como diretor de atrações inesquecíveis como Viva a Noite e Domingo no Parque. Conduziu até então a melhor fase do Domingo Legal com Gugu, lançando quadros como a ‘Banheira do Gugu’, ‘Gugu na Minha Casa’, ‘Táxi do Gugu’ e ‘Prova do Bicho’.
Até então, esses quadros – apesar de parecerem óbvios e simples – sequer existiam. E muitas ideias saiam da mente pulsante de Magrão, um cara que respirava TV e que tinha uma intuição de fera. Sabia o que dava certo e o que não emplacava. Sabia dirigir um programa com criatividade, ousadia e simplicidade.
Nos bastidores, Magrão era como um maestro. Era um líder, motivava sua produção e sempre apresentava grandes novidades para o público. Conduzia Gugu no palco. Sabia criar polêmicas nos momentos certos. E mais do que isso, gostava da adrenalina do ao vivo, da competição e da briga por audiência.
Nos anos 90, Faustão e Gugu disputavam ponto a ponto no Ibope. E Magrão estava lá, lutando pelo SBT, pensando em mil ideias e novidades. Não à toa, Gugu ultrapassava a Globo com frequência. Magrão era um gênio da TV, responsável por programas e ideias que fazem sucesso até hoje.
À frente do seu tempo, mostrou que televisão se faz com paixão e emoção; e não só com tecnologia. Mostrou que o simples funciona, basta ter criatividade e audácia. E que os programas devem ser populares de verdade. Algo que as emissoras de hoje deixaram para trás. Ele não tinha medo de rótulos.
Gugu deve estar feliz em reencontrar o ‘velho’ parceiro. Coincidentemente, os dois se foram no mês de novembro. Ao Magrão, o descanso eterno e merecido. À TV brasileira, que use e abuse das criações desse gênio.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do CENAPOP.
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