Atriz conversou com Fe Paes Leme e Giovanna Ewbank em podcast
Redação Publicado em 05/07/2023, às 04h33
A atriz Bruna Linzmeyer abriu o jogo ao falar sobre o sexo entre mulheres durante sua participação no podcast Quem Pode, Pod, comandado por Fernanda Paes Leme e Giovanna Ewbank.
“Tem essa ideia de que lésbica não transa, né? Porque... o que é sexo? Para as pessoas, é colocar uma coisa grande e dura num buraco. Quando a gente fala de sexo sapatão, acham sempre que tem que ter um brinquedo. E não tem. E não tem que ter sempre penetração. Não tem que ter um objetivo final no ato sexual”, começou.
Ela acrescentou: “Quando o objetivo não é colocar um pedaço de carne dentro de um buraco, abre um leque de possibilidades, curiosidades e invenções do que fazer com o corpo.... Isso é o que talvez faça o sexo entre pessoas sapatão ser tão transgressor. Porque você tem que descobrir o tempo todo”, continuou.
No bate-papo, Bruna falou sobre “heterosexualidade compulsória” e revelou como descobriu que gostava de meninas.
“Um dia, senti tesão por uma mulher e dei em cima dela, a gente ficou e transou. Aí, olhando para trás, entendi que era sapatão há muito mais tempo. Depois, achei várias fotos minhas aos 13 anos beijando uma amiga. Foi um caos interno. Falei: ‘quanta coisa eu poderia ter vivido com essa namorada se eu soubesse’. Não consegui enxergar isso por causa da heterossexualidade compulsória. A gente é criada para ser hétero”, explicou.
A atriz contou que “foi hétero por muito” tempo e que acredita que as coisas se transformam:
“Nada é tão fixo assim. Eu não vejo nenhuma das minhas identidades como fixas. Vejo que elas podem fluir como um rio, podem se transformar. Como é que eu vou saber o que eu vou ser daqui a 60 anos? (...) Fui hétero durante muito tempo ter tido a possibilidade de escolher outra coisa, de vivenciar meu corpo de outra maneira, de me perceber de outro jeito”, contou.
Bruna também recordou o período em que se consultava com uma terapeuta “lesbofóbica”.
“Em 2014 fiz terapia com uma psicanalista lacaniana que me foi super indicada, ela não tinha nem horário para me atender e era uma fortuna a consulta. Várias pessoas iam nela. Fiquei 4 anos com essa mulher. Parei de dançar, de escrever, não conseguia transar direito, eu gozava e chorava. Ela era muito lesbofóbica comigo. Algumas coisas eram bem esdrúxulas. Ela interrompia minha fala: ‘você não é lésbica’. Eu questionei ela no final: ‘você tem algum plano para mim? Porque eu queria te dizer que saio daqui desconfortável’. Ela respondeu: ‘não, é tudo sobre você’. Como se a escuta dela e a fala dela não tivessem construindo junto comigo”, lembrou.
A artista revelou que descobriu que a terapia não estava ajudando quando perdeu a vontade de escrever:
“No momento que descobri foi quando abri meu computador, sempre escrevi poemas, histórias. E meus arquivos do Word, de 2014 até 2018, foram diminuindo. Parei de escrever… Apesar disso, não desisti da terapia. Estava tão puta que pedi indicação de várias outras e fiz entrevista com umas 20. Denunciei ela no conselho”, completou.
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