Longa estreou em plataformas digitais nesta sexta-feira (09)
Redação Publicado em 10/04/2021, às 04h00
Estreou nesta semana, em plataformas digitais como Now, Itunes (Apple TV) e Google Play, além de cinemas selecionados no Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis, o filme Meu Pai, estrelado por Anthony Hopkins e Olivia Colman.
O longa-metragem é o primeiro de Florian Zeller, que foi o autor da peça de teatro que deu origem ao filme, que está indicado a 6 Oscars -- Filme, Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Edição e Direção de Arte.
A história oferece um ponto de vista único sobre a permanência da memória, mesmo quando uma doença (como o Alzheimer) faça com que a identidade e as lembranças se percam a cada dia. "Meu Pai", nesse sentido, é um dos melhores do gênero. Veja a crítica:
A seguir, o CENAPOP lista 5 motivos para que você assista a "Meu Pai" imediatamente. O Oscar 2021 vai ser realizado no dia 25 de abril, um domingo, em conformidade com as regras impostas pela pandemia do novo coronavírus.
Anthony Hopkins, conhecido por seu papel como Hannibal Lecter em "O Silêncio dos Inocentes" (e que lhe garantiu um Oscar em 1991), entrega aqui uma das melhores interpretações de sua carreira. Indicado como coadjuvante no ano passado (por "Dois Papas", onde interpretou Bento XVI), o veterano de 83 anos mostra que ainda tem talento de sobra ao viver um personagem que mergulha em uma espiral de confusão mental por conta de sua doença. Por outro lado, Olivia Colman (vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 2019 por "A Favorita"), dá um show de sensibilidade ao interpretar a filha, que ama o pai, mas não sabe o que fazer para cuidar dele. As atuações são memoráveis.
Baseado em uma peça de teatro, "Meu Pai" poderia deixar de correr riscos se apostasse em uma abordagem cinematográfica convencional, mostrando os fatos em ordem cronológica. Zeller, no entanto, resolveu bagunçar a nossa cabeça e fazer com que o espectador tenha a mesma sensação de confusão do personagem principal. Com isso, o filme se torna um emaranhado de cenas que se passam em lugares diferentes, com personagens entrando e saindo interpretados por atores diferentes. O que é real e o que é da cabeça de Anthony, engenheiro aposentado interpretado por Hopkins? A montagem do filme é um dos pontos altos, o melhor do ano nesse sentido, por nos colocar dentro do drama do personagem.
"Meu Pai" mostra a realidade das pessoas que convivem com o Mal de Alzheimer de uma forma forte, comovente. Este é um dos poucos filmes em que a situação de uma pessoa nessas condições é mostrada de forma quase literal. Com isso, o público "compra" as dores de Anthony e acompanhamos, junto com ele, o desmoronar de sua vida e de sua história. Há poucos momentos de humor no decorrer dos 97 minutos da história, já que ela é focada quase totalmente no drama da perda de identidade de um homem ativo, mas que não consegue mais controlar sua própria vida.
O filme também tem méritos artísticos inegáveis, para além da montagem que já foi citada anteriormente. A direção de Zeller é segura e inventiva, como em uma cena de jantar que parece se repetir na cabeça de Anthony e que acaba deixando o próprio espectador em dúvida sobre o que aconteceu. Nem parece ser esse o seu primeiro filme, depois de uma longa carreira no teatro. A direção de arte, também indicada ao Oscar, recria espaços que no começo parecem amplos e arejados, mas que vão ficando cada vez mais claustrofóbicos à medida que a história avança. Por fim, a fotografia também chama a atenção, pela opção pelas cores dessaturadas e frias, combinando com a situação.
Qualquer pessoa que já lidou com pessoas de mais idade vai se reconhecer em "Meu Pai". Principalmente aquelas que já tiveram parentes ou amigos com Mal de Alzheimer. A atuação de Hopkins ganha pontos por transportar o espectador para o labirinto da mente de seu personagem, mas é a identificação (e o medo de que isso venha a acontecer com um ente querido) é que causa a conexão da história com o público. Zeller e seu co-roteirista, Christopher Hampton, entregam uma mensagem crua e potente que fica na cabeça de quem assiste por muito tempo depois que o filme acaba.
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