Apresentadora contou que “nunca teve medo” de se impor contra assediadores
Redação Publicado em 14/03/2022, às 07h21
Símbolo sexual e capa da Playboy nos anos 80, Nani Venâncio, de 53 anos, contou que foi vítima de assédio por algumas vezes nos bastidores da TV brasileira, incluindo na época do concurso Garota Fantástico.
Apresentadora e atriz cobiçada, ela contou que “nunca teve medo” de se impor em “situações desrespeitosas” e que a mulher precisa se impor muito por conta do país machista:
“A gente vive num país muito machista e convivemos com o assédio diariamente. Já passei por várias situações desrespeitosas, mas sempre me posicionei. Nunca tive medo. Não temos que ter medo algum de falar a verdade, só por meio dela podemos mudar algumas situações. A mulher precisa se impor. A mulher precisa de respeito e dignidade”, disse ela, à Quem.
Ver essa foto no Instagram
“Fui assediada algumas vezes na TV. Quando começou aquela fase da Garota do Fantástico, fui chamada para a sala de um diretor. Ele me disse: ‘Queria que você fizesse isso (o trabalho), mas antes vai ter que passar o fim de semana comigo’. Eu era novinha, mas respondi: ‘Tenho pena de você que para sair com uma mulher tem que estar sentado atrás desta mesa’. Ele disse que eu nunca ia fazer nada. Eu disse que não precisava dele e saí da sala”, lembrou ela.
Nani contou que o assédio aconteceu também em outra emissora paulista:
“Em uma outra emissora, em São Paulo, um diretor disse que a mulher estava de quarentena após o parto e que ele queria sair comigo, que a minha vida poderia melhorar muito... Também escutou. Não me calo. Infelizmente, algumas mulheres aceitam isso porque dependem só disso. Por isso que sempre criei alternativas de trabalhos. Quando começou esse estresse, pensei: ‘Quer saber, não sou tão boa atriz, sou mediana, estou tirando o espaço de alguém que está precisando e não vou me submeter a esse estresse’”, ressaltou ela, que está há 14 anos da Rede Brasil de Televisão, onde apresenta o Tarde Pop.
À publicação, Nani também falou sobre a briga que teve com o diretor Walter Avancini, nas gravações de Mandacaru (1997), por conta de uma “cena de sexo apelativa”. Ela acabou se negando a fazer e sua personagem foi morta na história.
“Sou formada como atriz pela CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e fiz Oficina da Globo. Quando interpretava um personagem, estudava para isso, me preparava para ele e me irritava quando via que queriam apenas usar o corpo da atriz de forma apelativa para dar audiência. Tive uma grande discussão com Walter Avancini por causa disso em Mandacaru. Minha personagem era uma mulher forte, andava à cavalo como homem e tinha acabado de quebrar a cara de uma cangaceira quando o diretor – de Las Vegas – resolveu que depois dessa cena eu iria gravar uma cena de sexo apelativa com dois cangaceiros e tomando banho de rio. Não tinha nada a ver com a minha personagem, era só para salvar a audiência. Disse para ele que não tinha nada a ver. Ele gritou: ‘Você vai fazer’. Respondi que não tinha assinado contrato para isso e que não tinha nada a ver com o personagem. Fiz uma cena mais leve e o diretor matou a minha personagem por causa disso. Soube da morte dela pelos outros colegas durante uma gravação de cena. Nem a morte pude gravar”, lembrou.
Antes do perrengue em Mandacaru, Nani também teve problema com uma cena de nu frontal que foi ao ar na abertura da novela Pantanal (1990). O combinado era exibir apenas a lateral de seu corpo, mas a emissora exibiu nu frontal.
“Eu era funcionária da Manchete e me chamaram porque acharam que eu tinha o rosto no formato de uma onça e precisavam de mim para a abertura da novela. Fui enganada na época porque não sabia que iriam colocar o meu nu frontal na abertura. Era para mostrar meu corpo de lado. Estava gravando com um tapa-sexo de elástico e me falaram que e para eu tirar porque estava aparecendo. Minha vida mudou, impactou no meu casamento, que não tinha mesmo que dar certo, e o assédio nas ruas ficou imenso. Imagina, eu estava nua todos os dias na abertura da novela de maior sucesso da época”, explicou ela.
“Não tinha problema com a nudez. Um ano antes fiz a capa da Playboy e não me arrependi porque na época o país quebrou e eu consegui com o cachê comprar casa do meu pai. Mas no caso da abertura, não foi o combinado e eu nem recebi a mais por isso”, completou.
COLUNISTAS