Mel Lisboa foi a protagonista da minissérie de Manoel Carlos para a Globo, em 2001
Redação Publicado em 03/03/2022, às 15h24
Mel Lisboa lembrou a época em que trabalhou na minissérie "Presença de Anita", na Globo, e falou sobre as cobranças que sofreu para ser uma "mulher sensual" fora das telas.
"É um peso que você carrega. Se você gosta disso, tem que investir nisso. É um investimento, uma dedicação. Só que de repente me colocaram essa pecha por conta de uma personagem. E havia uma cobrança para que eu fosse assim. Eu era a Anita, então tinha que ser assim. 'Como você não é assim?'. Não necessariamente. Eu não preciso. Se eu quiser ser, eu sou. Se não quiser, não sou", relatou a atriz para o podcast "Calcinha Larga".
Ela prosseguiu: "E não quero ficar esforçando, perdendo meu tempo. Sabe, gente? Eu sou uma pessoa comum, com meus momentos. Tem dias que você olha no espelho e se acha feia, tem dia que não. Dependendo da fase, está mais relaxada, está mais montada".
Lisboa afirmou ainda que na época das gravações da trama de Manoel Carlos (em 2001, quando ela tinha 19 anos), ela já sabia o que queria para sua carreira -- e não tinha o foco em aparência.
"É um investimento que se faz para manter uma imagem. E nunca me interessou como objetivo. Eu prefiro investir na minha qualidade como atriz, e não na minha aparência e na minha sensualidade", detalhou.
A atriz explicou que, para se livrar das expectativas foi tentar se desvencilhar dos rótulos. "Já aconteceu com muitos atores e não só comigo, colocarem nessa caixinha: você só faz isso. E, gente, Anita já tem 40 anos! Ninfeta de quem? Não dá. Tem coisas que são impossíveis de você carregar".
"As coisas que desejei, investi, gastei tempo, energia e dedicação foi com a minha qualidade como atriz e a variedade de experiências que me dão ferramentas e recursos para que eu possa fazer várias coisas diferentes. Então, hoje em dia, não me incomodo de fazer um papel sensual. Nem um pouco. Eu acho até divertido", frisou.
Por fim, indicou que trabalhos como "Presença de Anita" precisam ser analisados sob a ótica da época em que foram criados. "Em 1990, em 2000, ainda havia homens brancos cis, héteros de 40 anos ou mais contando histórias de uma ninfeta, de uma lolita destruidora de lares, dessa mulher que enlouqueceu aquele homem. Sempre falo de a gente não ser anacrônico. A gente precisa olhar o contexto da obra, mesmo que seja para julgá-la, mesmo que a gente esteja falando que é prejudicial, que foi um desserviço, mas a gente não pode deslocá-la do contexto de produção", argumentou.
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