Marcela Porto procura deixar exemplo para pessoas trans
Redação Publicado em 24/06/2021, às 18h00 - Atualizado às 18h03
Marcela Porto, a eterna Mulher Abacaxi, até tentou até a carreira artística 一 apareceu muito na mídia pegando rabeira na onda das mulheres-fruta, chegou ao posto de musa da Inocentes de Belford Roxo e foi capa de revista 一, mas dirigir caminhões sempre fez parte de sua vida e a função ficou em primeiro plano.
Tanto que agora ela se dedica a carreira de empresária: é carreteira e dona de uma transportadora de minérios com 10 funcionários.
“Dirijo caminhão desde os 12 anos. Sou de uma família de caminhoneiro. Meu pai era um dos melhores carreteiros de Campos dos Goytacazes e meus irmãos mais velhos todos dirigem também. Nós temos diesel na veia”, brinca ela, que é transexual e costuma compartilhar vídeos do trabalho nas redes sociais.
Recentemente, ela conseguiu a habilitação categoria E (permissão para dirigir veículos acoplados ou articulados). Marcela também é dona de uma empresa de transporte de minérios, que conta com 8 caminhões e uma retroescavadeira sediada em Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Apesar de desempenhar uma ocupação geralmente exercida por homens, Marcela diz que não causa estranheza em seus clientes, nem é vítima de transfobia no trabalho. “Sofri na transição. Hoje acho que muita gente nem desconfia, se sabe, não falam”, conta.
Marcela gosta de estar bem vestida e sensual, mas durante o trabalho, ela usa uniforme e não gosta de usar acessórios que chamem a atenção.
“Arrumada sempre, porém sem decotes ou shortinhos ou mini saia. Uso camiseta da firma, afinal eu tenho que ser a garota propaganda da minha empresa. Também não curto chamar atenção em ambiente de trabalho, procuro ser a mais discreta”, pontua a mais nova carreteira, que dispensa o salto alto durante o expediente.
“No trabalho nunca, porque como eu iria manejar uma retroescavadeira ou uma carreta de salto, mas adoro um salto no final de semana, esporadicamente em um jantar”, explicou.
A trajetória profissional de Marcela é diferente da maioria das mulheres trans. Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% desse público é obrigado a recorrer à prostituição para se sustentar. Apesar dos obstáculos, Marcela diz ser preciso ir atrás dos objetivos.
“Nós, pessoas trans, podemos estar onde quisermos e ser o que quisermos, basta acreditar e não deixa que nada nem ninguém destrua nossa autoestima”, aconselha.
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