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Leci Brandão diz que ficou 5 anos sem gravar após ter disco recusado: "Pedi demissão"

Leci Brandão conta que teve disco recusado por ser "muito forte" nos anos 80

Leci Brandão relembra vida e carreira em entrevista - Foto: Reprodução / YouTube
Leci Brandão relembra vida e carreira em entrevista - Foto: Reprodução / YouTube

Redação Publicado em 07/11/2022, às 07h53 - Atualizado às 08h05

Leci Brandão iniciou a sua brilhante carreira há 50 anos, quando ela se tornou a primeira mulher a gravar samba na ala de compositores da Mangueira, abrindo espaço para a presença feminina em um território cultural predominantemente masculino.

O pioneirismo e as dificuldades pelas quais passou para chegar ao momento atual da carreira são temas da entrevista de mais um episódio do Papo de Música, da apresentadora Fabi Pereira. Na entrevista, transmitida em toda a rede de rádios Novabrasil FM e já disponível no canal Papo de Música, Leci relembrou a origem humilde e disse que cresceu ouvindo “o que era natural” nas casas de famílias periféricas nos anos 1940: samba, chorinho, baião e até música cubana fizeram parte de sua bagagem musical (tanto nas vitrolas quanto nos programas de rádio com a participação de calouros).

A cantora, inclusive, chegou a fazer parte do casting dessas atrações. “A primeira vez que me ouvi cantar no rádio foi num programa desse tipo na Rádio Tupi, que depois replicou no ar”, diz ela.



Conquistar o espaço como sambista foi um movimento cheio de desafios. “Para entrar na Mangueira, fiz uma carta explicando que ali seria uma universidade do samba para mim. Então, a ala de compositores me deu uma oportunidade de fazer sambas de quadra, de terreiro. Fiz um estágio de um ano para depois fazer parte do grupo”, lembra a artista.

Para Leci, superar preconceitos de gênero e de raça foi o que a “forjou na luta”. “Em 1981, tinha que fazer mais um disco para a [gravadora] Polygram, mas ele foi classificado como muito forte. Fiquei triste, pedi demissão e fiquei sem gravar por cinco anos. Isso me deixou receosa, mas fez com que fosse forjada na luta, me associando à batalha das mulheres, dos trabalhadores. E isso foi de forma natural”, pontua a compositora, que também é deputada estadual em São Paulo.

Figura fundamental na luta pelo fim do racismo e pelos direitos das mulheres e de outras fatias sociais minorizadas, Leci explica que ocupa espaços para também trazer representatividade, por ser mulher, negra e da área musical também dentro do espaço político institucional. “Não é fácil ocupar assento dentro de um Poder Legislativo, mas ali consigo fortalecer a vida de muitas pessoas. E é também para mostrar que ali é meu lugar”, diz ela.