Danieli Haloten esteve se dedicando ao Direito, o qual se diz apaixonada
Redação Publicado em 04/01/2022, às 10h44
Danieli Haloten, 41 anos, intérprete de Anita em Caras & Bocas, em 2009, lamentou a falta de inclusão para deficientes físicos e relembrou a ocasião em que entrou na Justiça para conseguir uma vaga em uma escola, onde foi recusada por ser deficiente visual.
Servidora concursada, Danieli está no quarto ano de Direito e criou um canal no Youtube recentemente para falar sobre o tema. Em conversa com a coluna de Patrícia Kogut, a estudante explica: "Quando comecei a estudar para concursos, me apaixonei pelo Direito. Aí veio a vontade de fazer a faculdade. Eu já sou formada em Artes Cênicas e Jornalismo. Desde que fiz a novela, meu grande objetivo era conseguir espaço como jornalista ou apresentadora. Resolvi então criar um canal no YouTube em que falo sobre direito e recebo especialistas", disse.
Em sua conta, ela conversa sobre uma área específica voltada ao direito de pessoas com deficiência. "Notei que, ao falar sobre direito das pessoas com deficiência, as visualizações aumentaram, o que mostra que há uma carência de programas que falem sobre o assunto. Recentemente, por exemplo, fiz uma série sobre a Lei Brasileira de Inclusão, também conhecida como Estatuto da Pessoa com deficiência". Desde os 15 anos, Danieli tem se envolvido com questões da área do Direito. A artista relembra quando precisou entrar na Justiça e pedir uma vaga em uma escola, onde foi recusada por ser deficiente visual.
Além disso, Haloten também foi militante pelo direito da utilização de cães guias em locais públicos, ajudando na elaboração do decreto federal do cão guia: "O Brasil ainda tem muito o que avançar no sentido da inclusão das pessoas com deficiência. E acho que os meios de comunicação não dão destaque ao tema. Um exemplo: recentemente eu fui passar as férias em Santa Catarina e passou uma reportagem falando sobre a proibição de cães nas praias."
Danieli prosseguiu: "Ao ver aquilo, eu logo percebi que teria problemas para ir com o meu cão guia, que, por lei, pode me acompanhar em qualquer momento. O mesmo ocorre frequentemente em restaurantes, que tentam barrar a minha entrada com o cão alegando que animais não são permitidos. É preciso um trabalho de conscientização". Já na televisão, ela também lamenta a pouca representatividade. "Somos mais de 20% da população e, só ocasionalmente, colocam um ator com deficiência numa novela, como ocorreu comigo. Isso quando não escolhem uma pessoa sem deficiência para interpretar uma que tenha, o que é algo horrível. Recentemente, vi o filme “Amor sem medida”, em que o Leandro Hassum vive uma pessoa com nanismo."
"É errado. Li também que a Globo terá uma novela com uma protagonista cega interpretada por uma atriz que enxerga. Quando fazem isso, estão dizendo com todas as letras que não acreditam na capacidade da pessoa com deficiência. Nós somos muitos e temos competência para trabalhar. E em qualquer papel, não apenas naquele estereótipo da pessoa com deficiência. Existem vilões, pessoas maldosas e loucas com deficiência na vida real também. Não somos coitadinhos", garante ela, que afirma que a novela lhe trouxe a conscientização:
"Foi um papel muito importante. O ambiente era agradável nos bastidores. Fiz vários amigos. O Ary Fontoura foi com quem mantive contato. Ele chegou a escrever o prefácio de um livro meu", completou a atriz.
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