“Não soube mais como reagir”, disse Cintia Mello
Redação Publicado em 30/04/2024, às 09h06
A bailarina Cintia Mello, que pediu demissão do Programa do Ratinho, do SBT, após uma “piada” do apresentador sobre seu “black power”, contou que “ficou sem reação” e “não soube como reagir” ao ter o seu cabelo relacionado ao piolho.
Em entrevista à Quem, ela contou que decidiu pedir demissão do programa após perceber que não receberia nenhum tipo de desculpa ou apoio.
Cintia classificou a “brincadeira” como racismo estrutural e recreativo. Na ocasião, Ratinho pediu para um colega da dançarina puxar seu cabelo para ver se era peruca e depois disse que tinha visto um piolho.
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— Gabriel Menezes (@briel_menezes) April 2, 2024
“No início daquela cena eu não imaginava o que estava por vir. Nós tínhamos liberdade para brincar e sempre foram brincadeiras saudáveis, pois eu estava ali como bailarina, logo para ser reconhecida pela beleza e pela dança. Eu já estava em um dia atípico, porque enquanto eu estava trabalhando, a minha filha estava no hospital, então eu não estava muito bem”, explicou.
Cintia acrescentou: “Quando o meu cabelo foi relacionado ao ‘piolho’, eu não soube mais como reagir. A partir dali fiquei realmente no automático por ter ficado constrangida”, continuou.
Mãe de Ana Laura, de 3 anos, a bailarina trabalhava há nove anos com o apresentador. A “piada” viralizou nas redes sociais e foi automaticamente considerada racista.
Constrangida, ela tentou conversar com Ratinho, mas não teve muita resposta:
“Após toda repercussão, busquei conversar com o próprio [Ratinho] e foi uma conversa realmente amigável, em que expliquei a ele alguns pontos sobre a situação, e o quanto eu estava chateada e desestabilizada com tudo aquilo. Tive resposta por um tempo, mas depois o diálogo acabou, porque não recebi mais respostas”, explicou.
Cintia explicou ainda que não recebeu nenhum tipo de apoio nos bastidores, e que agora está tentando se reerguer para seguir adiante. Ela optou por não denunciar o apresentador por racismo.
“Não recebi sequer um: ‘Cintia você está bem?’. Não tive nenhum apoio, nenhuma ligação, realmente nada. Na verdade recebi um abraço de uma camareira que foi extremamente importante para mim”, revelou.
“Depois do meu desligamento, recebi uma ligação dizendo que as portas estariam abertas, o que, na realidade, depois do que eu passei nos bastidores, sabia que seria impossível, porque só eu sei o quanto fui hostilizada por algumas pessoas da equipe”, afirmou.
“Eu continuo trabalhando fora da televisão, estão aparecendo aos poucos algumas oportunidades. É claro que o início é desesperador, mas eu acredito que nada em nossas vidas acontece por acaso. E preciso seguir”, finalizou.
COLUNISTAS
Danni Cardillo
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