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“Não há mais espaço para revistas que objetificam as mulheres”, diz Bob Wolfenson

Fotógrafo refletiu sobre publicações consideradas machistas

Bob Wolfenson recordou ensaio de Vera Fischer e refletiu sobre revistas que objetificam as mulheres - Foto: Reprodução/ Instagram
Bob Wolfenson recordou ensaio de Vera Fischer e refletiu sobre revistas que objetificam as mulheres - Foto: Reprodução/ Instagram

Redação Publicado em 31/07/2020, às 11h50

Responsável por algumas das mais icônicas capas da revista Playboy, Bob Wolfenson recorreu ao Instagram, na última quinta-feira (30/07), para fazer uma reflexão sucinta sobre os famosos ensaios de “mulher pelada”.

Na rede social, o fotógrafo postou uma foto de um ensaio de Vera Fischer – que ele fotografou em Paris, em 2000, para a edição de janeiro de 2000 –, e contou que não há mais espaço para publicações machistas que objetificam as mulheres.

“A icônica atriz Vera Fischer em 2000, em Paris. Como ultimamente tenho repostado e pretendo continuar republicando fotos que fazem parte de minha história e, de certa forma, (com o perdão da imodéstia) da história da fotografia no Brasil”, começou o fotógrafo.

No textão, Bob explica que foi criado em um “circuito machista”, mas que abriu os olhos para suas atitudes graças a influência de suas filhas.

“Fui criado num circuito machista, mas mudei”

“Muitas pessoas vêm ao meu perfil respeitosamente, e quando é assim aceito a polêmica, para se manifestarem contra o que consideram comportamento machista. Na verdade, a coisa é de uma complexidade maior e não caberia aqui, uma discussao aprofundada, mas arrisco alguns pensamentos: fui criado neste circuito machista e exerci este tipo de masculinidade ao longo da minha vida. Provavelmente sigo com resquícios desta atitude, porém cercado pela diversidade de gêneros e com livre trânsito entre eles”, explicou.

“Mudei e procuro mudar mais ainda; e muito devo às minhas filhas, que arbitram este comportamento do ‘macho branco alfa sempre no comando’. Abri os olhos para estas atitudes e falas que se naturalizaram como procedimentos corriqueiros nos encontros e conversas por aí”, continuou.

O fotógrafo opinou ainda que houve uma mudança no modo como as pessoas enxergam as revistas masculinas feitas no passado.

“Trabalhei como fotógrafo para revistas masculinas (hoje esta atribuiçao de gênero nem seria possível) que, vistas sob os valores de hoje, objetificavam as mulheres (aqui vale estes parênteses, pois à época eram relações consentidas pelas fotografadas: mulheres informadas e livres)”, disse Bob.

“Muitas delas, ao contrário, se sentiam transgressoras com sua nudez dramatizada pelos esquetes fotográficos e historietas inventadas para que houvesse um outro sentido que não só o reivindicado pelo masturbador de plantão, leitor destas publicações. Obviamente outras partes das revistas carregavam nas tintas com piadinhas, títulos com duplo sentido e fotografias de mau gosto. Hoje não há mais espaço para edições desta natureza”, ponderou.

Bob finalizou dizendo que o nu feminino “encontrará um novo caminho” e não será mais problematizado.

“E, de fato, não faria mais sentido. Mas as fotos de nus não acabaram e nem irão acabar, como atesta a História da Arte. Encontrar-se-ão novos caminhos e corpos/objetos não serão mais problematizados. Pois, acredito que haverá um consenso não objetificante. O nu feminino retomará seu legado adaptado à nova ordem. E o nu masculino, menos aceito, e, paradoxalmente, menos contestado na esfera em que o feminino o é, seguirá seu curso”, completou.

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#tbt a icônica atriz @verafischeroficial em 2000, em Paris. Como ultimamemte tenho repostado e pretendo continuar republicando fotos que fazem parte de minha história e, de certa forma, (com o perdão da imodéstia) da história da fotografia no Brasil. Muitas pessoas vêm ao meu perfil respeitosamente, e quando é assim aceito a polêmica, para se manifestarem contra o que consideram comportamento machista. Na verdade, a coisa é de uma complexidade maior e nao caberia aqui, uma discussao aprofundada, mas arrisco alguns pensamentos: fui criado neste circuito machista e exerci este tipo de masculinidade ao longo da minha vida. Provavelmente sigo com resquícios desta atitude, porém cercado pela diversidade de gêneros e com livre trânsito entre eles. No entanto, mudei e procuro mudar mais ainda; e muito devo às minhas filhas, que arbitram este comportamento do “macho branco alfa sempre no comando”. Abri os olhos para estas atitudes e falas que se naturalizaram como procedimentos corriqueiros nos encontros e conversas por aí. Trabalhei como fotógrafo para revistas masculinas( hoje esta atribuiçao de gênero nem seria possível ) que, vistas sob os valores de hoje, objetificavam as mulheres ( aqui vale estes parênteses, pois à época eram relações consentidas pelas fotografadas: mulheres informadas e livres ). Muitas delas, ao contrário, se sentiam transgressoras com sua nudez dramatizada pelos esquetes fotográficos e historietas inventadas para que houvesse um outro sentido que não só o reivindicado pelo masturbador de plantão, leitor destas publicações. Obviamente outras partes das revistas carregavam nas tintas com piadinhas, títulos com duplo sentido e fotografias de mau gosto. Hoje não há mais espaço para edições desta natureza. E, de fato, não faria mais sentido. Mas as fotos de nus não acabaram e nem irão acabar, como atesta a História da Arte. Encontrar-se-ão novos caminhos e corpos/objetos não serão mais problematizados. . Pois, acredito que haverá um consenso não objetificante. O nu feminino retomará seu legado adaptado à nova ordem. E o nu masculino, menos aceito, e, paradoxalmente, menos contestado na esfera em que o feminino o é, seguirá seu curso.

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