Davi Reis interpreta personagem num encontro privativo com 11 pessoas
Redação Publicado em 21/04/2021, às 08h36
O ator Davi Reis falou sobre o espetáculo CAM, no qual interpreta um camboy que está em uma sala de bate papo, em um encontro privatico com 11 pessoas. Na conversa, Brad desabafa sobre superexposição online, pós-pornografia e o vazio de relações pautadas por beleza e sexo.
Em conversa com a Revista Quem, Davi falou sobre o espetáculo que possui formato inovador, dirigido por Ricardo Corrêa: "Na verdade havia muita confusão antes da compra do ingresso. Perguntas sobre como era a peça, se era um show erótico e a clássica: vai ter ereção? Com muito jogo de cintura e sem dar spoiler, a gente conseguia levar uma ideia do que se trata CAM. Nunca esteve muito ligado a mim, mas à peça. Já tivemos retorno de pessoas que falaram que acharam que iam ficar excitadas e no final ficaram com uma baita crise existencial."
"O público de CAM na sua maioria é gay. Os espetáculos da Cia Artera de Teatro tem como temática falar sobre as minorias e principalmente com o LGBTQIA+. 'CAM' é uma peça universal mas tem um olhar voltado para um recorte sobre um profissional do sexo - um camboy - que precisa de dinheiro para ir ao dentista (questões como essa são de ordens sociais). De fato, a pornografia já está na coluna vertebral da obra, isso faz com que uma grande parte seja atraída pelo apelo sexual."
Ele prossegue: "De todo modo, temos recebido durante a temporada diversas pessoas e, mulheres também, pelo retorno que tivemos com a comunicação feita". Davi ainda conta que buscou referências no momento atual da pandemia da Covid-19, no qual pessoas procuram novas formas de se sustentarem e poderem acabar com a solidão: "A construção desse personagem partiu do texto poderoso do Ricardo. É um personagem do nosso tempo, desse mundo 2020/2021. Criei a partir da circunstância que o texto me propõe."
"O Brad é um personagem rico, que vive a pandemia, o Brasil, a falta de grana, a busca pela fama, a loucura das redes sociais. O Brad vem pra colocar a sua e a minha visão de mundo a partir da sua forma de sobrevivência, propondo questões reais sobre o humano. Tudo o que estamos vivendo, seja para o bem ou para o mal, foi a base da construção desse personagem". O ator afirma que a nudez para esse tipo de trabalho não é tabu e explicou que ela é necessária para o teatro e que não é o que acaba impactando o espectador.
"A nudez em CAM é cheia de ressignificados, ela acontece muito naturalmente porque é necessária pra comunicar o que o personagem quer em forma de imagem. O ambiente sensual e erótico da peça traz um universo quase violento dessa nova exposição na internet. Lidar com a nudez aqui é mais uma forma de fazer essa história acontecer e eu, enquanto intérprete, me utilizo dela para que o público possa se questionar e ver além da nudez."
"CAM é uma peça onde a forma e conteúdo se alinharam perfeitamente e que fala diretamente com o nosso tempo, desde a pós pornografia até as milhares de mortes por Covid, da superexposição na internet ao desejo de fama. O que é padrão de beleza, o que é sobreviver, o que é envelhecer, o que é o Brasil. Propomos com CAM falar de todas as agruras que nos atingem, pra que, quem sabe, o expectador se questione como ser humano, cidadão, e porque a palavra empatia esteja tão na moda", completou.
COLUNISTAS
Eduardo Graboski
SBT precisa se reconectar com o público para sair da crisePop Listas!
5 famosas que já falaram sobre sexo anal