Sônia Lima produz e atua na peça Tudo Sobre Elas - Foto: Ricardo Fujii No ar com o espetáculo Tudo Sobre Elas, Sônia Lima dá uma boa prévia de como pode ser a
Redação Publicado em 22/08/2017, às 11h05 - Atualizado às 11h11
No ar com o espetáculo Tudo Sobre Elas, Sônia Lima dá uma boa prévia de como pode ser a singela (e às vezes complicada) relação entre fã e ídolo.
Com trabalhos marcantes na TV, cinema, teatro e na música, a artista conhece bem o assédio do público, mas é a prova viva de que as coisas nem sempre saem como o esperado.
Em conversa com o CENAPOP, Sônia confessou ter vivido muitos momentos de alegria ao se aproximar dos fãs, mas também houve momentos de susto, como quando passou a ser perseguida, em meados da década de 80, por mais de três anos, por um desconhecido.
Numa história típica de filme de suspense, segundo relatou a própria Sônia, o homem começou enviando desenhos de vestidos de noiva, prometendo um casamento de princesa.
Depois estava em todos os lugares, shows, na frente dos teatros. Sabia de todos os seus compromissos numa época em que não existia internet e celular. Para tentar uma aproximação, o rapaz chegou a cortar os fios de energia da casa onde morava. A história teve um desfecho típico de faroeste.
“Eu nunca fui muito de comentar essa coisa de fã que extrapola os limites, mas eu tive alguns, sim, que fizeram parte da minha vida. Nunca me aconteceu nada, graças a Deus. Alguns viraram piada… Mas esse, em particular, começou me mandando desenhos de vestidos de noiva, dizia que era um conde [ou era príncipe, não me lembro], me prometia um casamento de princesa. Dizia que era apaixonado por mim, que queria se casar comigo […]”, explicou.
“Ele me seguia para todos os lados, em um Chevette marrom. Ficava na porta dos teatros, nas gravações, às vezes ia a alguns eventos. Ele estava sempre lá, então eu já estava acostumada a ver aquela pessoa me seguindo, e até me sentia protegida. Nunca me incomodou, mas ele nunca chegou perto nem para dar bom dia”, relembrou.
“Eu só sabia que aquela pessoa ficava ali. Não sei se ele ficava no carro o tempo inteiro, mas ele sempre estava lá. Sabia onde eu morava, e às vezes aparecia em shows. Ele conhecia minha rotina e a minha agenda numa época que não existia internet e nem celular, não havia essa divulgação toda que tem hoje”, continuou.
“Essa história toda acabou no casamento da minha irmã, no dia 31 de julho. Eu saí do casamento da minha irmã e eu tinha um show. O Wagner estava me levando para casa, que eu tinha que pegar um avião… E acabou que naquele dia, nós estávamos perto da casa da minha mãe, que era numa rua sem saída. Quando a gente estava subindo a ladeira, ele estava parado lá”, disse.
“Quando eu o vi, comentei com o Wagner: ‘Ai, Wagner, esse rapaz ele sempre me segue’. Eu não estava namorando com o Wagner ainda. Nós éramos apenas amigos. O Wagner me deixou na porta de casa, e foi pegar o carro no final da rua. Quando ele estava descendo a rua, percebeu que o cara estava subindo, indo em direção a minha casa”, continuou.
“A casa estava sem energia, e eu estava saindo para pedir ajuda. Depois nós vimos que o cabo de energia da casa havia sido rompido. Em fim… nesse dia, ele [o fã] tinha cortado a energia da casa, eu não sei te dizer o que iria acontecer, mas acho que naquele dia, ele iria fazer um contato [rs]. Que tipo de contato, eu não sei. O Wagner ficou bastante cismado, preocupado, e no instinto… ele andava sempre armado, tinha porte de arma, ele deu uns tiros para cima, e eu nunca mais recebi mais nada, ele nunca mais apareceu. Não sei nem o nome da pessoa”, explicou.
“Fui perseguida por essa pessoa por uns três anos. Nunca tive vontade de ir até ele para perguntar o que estava acontecendo. Sempre fiquei na minha. A principio eu fiquei assustada, mas sempre fui muito segura e confiante. Acredito muito em Deus. Espero que essa pessoa esteja bem hoje em dia”, completou.
Após sua participação na novela Haja Coração, em 2013, Sônia começou a se dedicar à produção da peça Tudo Sobre Elas.
Em cartaz no teatro Laura Alvim, no Rio de Janeiro, até o dia 27 de agosto, o espetáculo esmiúça justamente essa relação entre fã, interpretada na peça por Nina de Pádua, e a famosa, Sônia Lima.
“É uma peça que fala do amor e ódio no universo feminino. O Emílio [Boechat, que escreveu a peça] fez uma coisa muito legal, ele retratou isso em cima do cima A Malvada e O Que Teria Acontecido à Baby Jane”, explicou.
“Eu faço uma mulher que tem câncer, que já está completamente esquecida pela mídia, internada em uma clínica longe de todo mundo, e apenas essa fã [Nina de Pádua] que me visita. Para completar, a minha personagem não tem memória, não se lembra do que aconteceu, e o intuito dela é fazer com que eu me lembre sempre do que aconteceu comigo”, continuou.
“No decorrer, ela vai me lembrando o que me levou àquela situação, o que me fez perder o rótulo de grande diva… É uma peça com um final surpreendente. Estou sendo muito feliz, é uma peça muito gostosa de fazer, e marca minha volta aos palcos após quase dez anos afastada do teatro”, ressaltou.
Ao CENAPOP, Sônia Lima contou que acredita na relação genuína entre fã e famoso, e revelou, inclusive, que mantém contato com alguns deles até hoje:
“Acredito. Não só acredito, como já vivi isso. Já empreguei pessoas que eram minhas fãs, fãs do Wagner [Montes, seu marido] já trabalharam na minha casa. Foram pessoas que conheci nessa relação”, declarou.
“Converso com algumas fãs que não moram nem aqui, no Rio de Janeiro, nem em São Paulo, e chego a confidenciar algumas coisas. É tranquilo, é muito tranquilo. Eu vejo o fã como uma pessoa que protege”, continuou.
“A convivência só não é maior, por causa da barreira geográfica mesmo. Mas eu acredito muito, conheço até pessoas que já até se apaixonaram por fãs. É algo super comum e natural. Acho louco separar fã do artista, fã do famoso”, completou.
Após uma participação na novela Haja Coração, da TV Globo, Sônia Lima começou a se dedicar à produção da peça Tudo Sobre Elas. Com um histórico respeitável na telinha, a atriz, que também é cantora e apresentadora, disse que está à disposição para encarar qualquer trabalho:
“Eu amo o meu trabalho, mas a minha prioridade foi e sempre será a minha família. Esse ano foi um tanto agitado, o Wagner foi internado no dia da minha estreia [da peça], e eu tive que interromper a temporada, mas voltei com tudo. Eu amo o teatro, de paixão. A minha formação como atriz é para teatro, apesar de eu ter começado na televisão. Quando não me chamam, eu produzo. Atriz não tem idade, eu posso estar com 80 ou 90 anos, que se estiver com saúde, estarei trabalhando. Eu estou à disposição, como atriz, apresentadora… eu gostaria muito de fazer outra [novela]”, finalizou.
Serviço:
Tudo Sobre Elas
Local: Teatro Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema – Tel: 2332-2015)
Temporada: de 04 até 27 de agosto
Horários: Sextas e sábados às 21h e domingos às 20h
Ingressos: 60,00 Reais e 30,00 (meia entrada)
Duração: 75 minutos
Gênero: tragicomédia
Classificação: 14 anos
Capacidade: 190 lugares (sendo 04 cadeirantes)
Vendas antecipadas: na bilheteria, de 3ª a 6ª, a partir das 16h, e sábados, domingos e feriados a partir das 15h.
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