Solange Couto e a filha Morena - Foto: Reprodução/ Facebook Aos 25 anos, Morena Mariah carrega nas costas uma história triste de abusos. Filha da atriz Solange
Redação Publicado em 28/10/2016, às 09h39 - Atualizado às 16h30
Aos 25 anos, Morena Mariah carrega nas costas uma história triste de abusos. Filha da atriz Solange Couto, ela revelou ter sido violentada sexualmente duas vezes.
A primeira aconteceu dentro da própria casa, aos 11 anos, e a outra, mais recente, foi com um namorado que aproveitou um momento em que ela estava indefesa.
Em entrevista ao jornal Extra desta sexta-feira (28/10), as duas falaram sobre o assunto pela primeira vez. Morena detalhou os acontecimentos, e Solange se mostrou indignada com toda história.
“Minha mãe trabalhava em outro estado e designou um familiar para tomar conta de mim nos períodos de ausência. Durante esse tempo em que ele ficou responsável por mim, ocorreram os episódios de abuso. Ele morava comigo na minha casa”, disse Morena, à publicação.
Aos 59 anos, Solange contou que se sente de mãos atadas porque a filha demorou para contar tudo o que aconteceu (ele revelou os acontecimentos há quatro anos), e que se sente impotente diante da situação, já que a filha não quer denunciar.
“Fiquei absurdamente indignada. Isso me revolta de tal maneira, porque eu não posso fazer nada, nem justiça, porque a Morena só veio me contar isso anos depois, quando ela já era maior. Então, não tive o que fazer. Me sinto amarrada, de pés e mãos. Não posso chegar na cara da pessoa e dar um murro, nem apontar o dedo na cara e esculachar. Não posso nada porque nada foi dito, nada foi aclarado, e ela não quer denunciar, tem medo”, desabafou a atriz.
O segundo caso de violência sexual, segundo Morena, aconteceu com o namorado:
“Namorei um rapaz, e ele se aproveitou de um momento em que eu estava embriagada e adormeci para me estuprar. Sexo sem consentimento é estupro. Mesmo que o sujeito que faça isso seja cônjuge”, explicou ela.
Em seu Instagram, ela comemora a vida e os obstáculos vencidos:
“Eu sobrevivi. Sobrevivi ao abandono afetivo, sobrevivi à alienação parental, sobrevivi ao racismo, sobrevivi ao machismo, sobrevivi aos estupros, sobrevivi às crises depressivas, sobrevivi ao suicídio, sobrevivi à relacionamentos abusivos, sobrevivi num mundo que muitas vezes não quis que eu vivesse. Mas eu estou aqui VIVA. Posso não estar inteira mas estou de pé. E ninguém além de mim sabe exatamente como foi difícil chegar viva até aqui. Superei tudo isso e ainda tenho fé em mim, nos meus Orixás, nas pessoas e na vida. Eu mereço ser feliz!”, escreveu.
Atualmente morando com Solange, o irmão e o padrasto, Morena conta que transformou os abusos em uma luta diária:
“Vivo uma luta diária. Luto contra uma depressão que foi desencadeada depois disso. Procurei pessoas que passaram pela mesma coisa, conversei com muita gente ligada ao feminismo e finalmente fui entendendo que a culpa não era minha”, disse à publicação.
“O estupro causa um estrago muito grande dentro da gente porque as pessoas colocam a culpa sempre na vítima. Querem saber com que roupa você estava, se você havia bebido, como se qualquer uma dessas coisas pudessem justificar um estupro. Foi muito doloroso pra mim, mas a gente não tem do que se envergonhar e não pode se calar”, completou.
COLUNISTAS
Eduardo Graboski
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