por Eduardo Graboski
Publicado em 27/05/2025, às 17h11
Em tempos de produções cada vez mais pasteurizadas, “Pablo e Luisão” (Globoplay) surge como um refresco genuíno, hilário e necessário na comédia nacional.
Escrita por Paulo Vieira, a série não apenas arranca gargalhadas, como também emociona pela autenticidade com que retrata o cotidiano de brasileiros reais — daqueles que não costumam ter suas histórias contadas na TV, mas que existem aos montes por aí, em qualquer bairro, esquina ou grupo de WhatsApp.
Baseada em fatos reais, a série é um espelho cômico e fiel do nosso Brasil profundo. E é justamente essa brasilidade que a torna tão especial: nada parece forçado, nenhum diálogo soa falso, nenhum personagem é caricato além da conta.
A graça vem da verdade — e talvez por isso o primeiro episódio já chegue chutando a porta. Inusitado, surpreendente e absolutamente divertido, ele dá o tom do que virá pela frente e conquista o espectador logo nos primeiros minutos. “Pablo e Luisão” tem alma, riso e verdade.
O talento de Paulo Vieira como roteirista brilha do início ao fim. Seu texto tem ritmo, inteligência e, principalmente, empatia. Ele não ri dos personagens, mas com eles — e isso faz toda a diferença. Há humanidade em cada situação absurda, e há crítica social embutida nas piadas mais despretensiosas. Paulo consegue, com maestria, transformar situações banais em ouro cômico, sem perder o pé no real.
O elenco é outro ponto alto. Os atores entregam performances tão naturais e sintonizadas que, em certos momentos, é difícil separar personagem [real] e intérprete. O carisma dos protagonistas e a química entre eles sustentam a série com folga, e a sensação é de que estamos acompanhando dois velhos conhecidos vivendo as loucuras do dia a dia.
Aliás, vale dar os nomes desses talentos. Aílton Graça (Luisão), Otávio Muller (Pablo), Dira Paes (Dona Conceição), João Pedro Martins (Neto) e Yves Miguel (Paulo Vieira) foram o elenco perfeito, com características físicas impressionantes aos personagens reais, que comentam todas as histórias.
“Pablo e Luisão” é leve, engraçada e necessária. Em meio ao caos do mundo real, ela nos oferece riso, respiro e reconhecimento. Não à toa, já se posiciona como uma das grandes estreias do ano e promete virar queridinha do público — principalmente daqueles que enxergam na série não só uma comédia, mas um retrato honesto, divertido e afetuoso de um Brasil que merece ser visto com carinho.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do CENAPOP.
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