EDUARDO GRABOSKI

SBT precisa se reconectar com o público para sair da crise

O SBT vive dias de incertezas e baixas - Foto: Divulgação
O SBT vive dias de incertezas e baixas - Foto: Divulgação
Eduardo Graboski

por Eduardo Graboski

Publicado em 16/11/2024, às 16h50

O SBT vive dias de incertezas e baixas. Demitiu 400 funcionários, anunciou mudanças na grade e planeja cortar programas. O jornal da madrugada já era! Tudo isso é resultado de uma audiência que não cresce e de um faturamento abaixo do esperado. O canal deve fechar o ano no vermelho. 

Para conter a crise, o SBT precisa se reconectar com sua própria audiência. Explico. O seu público é muito fiel – como se fosse uma família mesmo – ligado aos valores deixados por Silvio Santos e que valoriza muito as figurinhas carimbadas, os artistas que têm o tal DNA do SBT. 

São artistas populares, que criam um diálogo com quem assiste e que falam o que pensam sem muito mimimi. E mais, que têm alguma história com o próprio SBT. Nomes como Ratinho, Carlos Alberto de Nóbrega, Danilo Gentili, Celso Portiolli e Virginia, por exemplo, carregam isso. Eles são a cara da emissora.



São apresentadores que combinam, que nem mesmo nós – o público – conseguimos imaginá-los em outros canais. Assim era com a Xuxa e a TV Globo, com a Hebe e o SBT, ou ainda com Gugu e o próprio SBT. Quando eles deixaram suas raízes, tudo foi por água abaixo. Não funcionou!

E é para isso que a diretoria do SBT deveria olhar com mais carinho e atenção. Para essa conexão entre artistas e a própria audiência. Nos últimos meses, a emissora contratou pessoas que não tem essa essência, que não são a cara do SBT. E isso refletiu não só no comercial, mas também no Ibope.

Paulo Mathias, do ‘Chega Mais’, é um excelente jornalista e apresentador. Gosto dele. Mas não tem o DNA do SBT. É engessado e não tem carisma para um programa da manhã. Assim acontece com Michelle Barros, que poderia estar no jornalismo e não no entretenimento. Outro exemplo é o próprio Marcão do Povo, do ‘Tá na Hora’, que se esforça, mas não convence o público fiel do SBT.

Das últimas contratações, talvez as mais acertadas sejam de Tirullipa, que tem uma identidade popular muito próxima do SBT. E Virginia Fonseca, que é um fenômeno na web, e conseguiu se conectar na TV por conta do seu carisma e da sua autenticidade. Ela diz o que pensa, é gente da gente.

Além disso, outros artistas parecem estar em programas errados. É o caso do Benjamin Back, à frente do ‘É Tudo Nosso’, às sextas. Ele é ótimo no esporte, mas não convence no entretenimento. Helen Ganzarolli, que já faz parte da atração, deveria assumir de vez o programa. Ela é a cara do SBT e o público gosta de vê-la ali, improvisando e se divertindo. É figurinha carimbada.

O que preocupa, ainda, é o desejo da emissora em contratar mais nomes que não tem a cara do SBT. Ana Furtado, ex-Globo, e Datena, ex-Band, são alguns cotados. Se isso acontecer, pode ser um tiro no pé. Afinal, vão repetir o erro de apresentar novidades, sem se importar de fato com a sua própria audiência.

Muitas vezes até parece que o ‘novo SBT’ só quer impressionar o mercado e impactar seus concorrentes por puro ego. Quando na verdade deveria adotar uma postura contrária. De olhar mais para a sua essência, se reconectar com quem assiste e valoriza o canal, além de apostar no simples que funciona.

É questão de conexão, de DNA, de resgatar a essência...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do CENAPOP.