o cineasta Martin Scorsese contou em entrevista que esteve muito envolvido com a produção de Coringa, filme de Todd Philips, mas desistiu do projeto.
Redação Publicado em 04/11/2019, às 16h45 - Atualizado às 17h25
Envolvido na divulgação de seu novo filme, O Irlandês, o cineasta Martin Scorsese contou em entrevista que esteve muito envolvido com a produção de Coringa, filme de Todd Philips que conta a história do maior vilão da DC.
Parece irônico ouvir isso do diretor que recentemente entrou em uma batalha midiática sobre a validade dos filmes da Marvel como cinema “de verdade”, no que foi acompanhado por outros realizadores como Francis Ford Coppola, Robert Eggers e Fernando Meirelles. No entanto, ele garantiu no papo com Sam Asi, da BBC, que esteve por dentro da produção do longa-metragem sobre a origem do Palhaço do Crime, mas desistiu antes de mergulhar fundo na história.
“Conheço o filme muito bem”, disse Scorsese. “Conheço o diretor (Todd Phillips) muito bem. Minha produtora Emma Tillinger Koskoff produziu. Eu pensei muito sobre isso nos últimos quatro anos e decidi que não tinha tempo para isso. Por razões pessoais, não me envolvi. Mas eu conheço o roteiro muito bem. Tem uma energia real e tem Joaquin, que fez um trabalho notável”, declarou.
Outro motivo pelo qual Scorsese se desligou da produção de Coringa foi por conta do arco narrativo da história. “Para mim, no final das contas, não sabia se daria o próximo passo para esse personagem se transformar em um personagem de quadrinhos”, relatou o celebrado cineasta. “Ele se desenvolve em uma abstração. Isso não significa que é arte ruim, apenas não é para mim”, comentou, voltando a falar sobre os filmes de super-heróis que criticou recentemente.
“Os filmes de super-heróis, como eu disse, são outra forma de arte. Eles não são fáceis de fazer. Muitas pessoas muito talentosas estão fazendo um bom trabalho e muitos jovens realmente gostam delas”, reconheceu.
Assim que os primeiros detalhes de Coringa começaram a sair na imprensa, em 2017, Scorsese estava atrelado à produção como produtor e um potencial diretor. Segundo o Indiewire, fontes afirmara que a Warner Bros, produtora do longa, queria que o diretor aceitasse o desafio para que encaixar Leonardo di Caprio na trama. Pouco depois foi anunciado que o responsável por clássicos como Taxi Driver e Os Bons Companheiros não teria nenhuma participação no filme.
Ironicamente, o astro de Coringa, Joaquin Phoenix, compartilhou das mesmas reservas que Scorsese antes de aceitar o trabalho como Arthur Fleck. O diretor Todd Philips disse, em entrevista para o The New York Times em setembro, que Phoenix estava apreensivo com a ligação da história com os quadrinhos.
“(Joaquin) nunca gostou de dizer o nome Thomas Wayne”, disse Phillips. “Teria sido mais fácil para ele se o filme fosse chamado ‘Arthur’ e não tivesse nada a ver com nada disso. Mas, a longo prazo, acho que ele conseguiu e, no fim, apreciou”, declarou.
Entretanto, foram justamente as raízes do filme nos quadrinhos que fez com que ele se tornasse um dos longas mais aguardados do ano. Aclamado por crítica e público, Coringa está com 932 milhões de bilheteria mundial, tendo previsão para bater 1 bilhão ainda nesta semana.
Veja a entrevista de Scorsese abaixo, em inglês.
COLUNISTAS
Danni Cardillo
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