Diretor coleciona diversas memórias na propriedade da cantora, que se isolou anos antes de sua morte
Redação Publicado em 12/08/2021, às 09h12
Jayme Monjardim, filho de Maysa, que morreu aos 40 anos em 1977, fez um desabafo sobre lidar com o processo de desapego após vender a propriedade em que a mãe morou, anos antes de sua morte.
O diretor vendeu a casa em Maricá, no Rio de Janeiro, para que a prefeitura abrisse um museu para homenagear Maysa, que foi vítima de um acidente de carro: "Era um sonho antigo prestar essa homenagem a minha mãe, na cidade que ela tanto amava. Sempre foi um sonho meu transformar a casa de Maricá em um centro cultural com o nome da Maysa. Foi um processo de desapego muito difícil, mas extremamente importante. Tudo que minha mãe conseguiu recolher em vida está lá."
Ele prosseguiu: "No dia que ela sofreu o acidente e faleceu, eu cheguei lá e encontrei a casa intacta e logo em seguida fui morar lá. Sei muito bem o que minha mãe passou. Tenho certeza de que essa casa vai ficar como uma casa de amor às pessoas e à vida. Vamos ter que entender como é a solidão, pois para muita gente a solidão não é fácil, mas minha mãe, com trinta e poucos anos, encontrou em Maricá e naquela casa a paz dentro da solidão."
Contando com cerca de 20 mil documentos, o museu conta a história de Maysa, que costumava cantar sobre a fossa, além de desafiar sua personalidade em uma época mais machista: "O museu contará com cartas manuscritas, letras de músicas escritas em guardanapo, fotos, músicas que não foram gravadas, pintura de quadros, publicações de jornais da época, entre outros objetos. Queremos que as pessoas sintam a Maysa durante a visita, que seja um museu interativo e sensitivo. São 20 mil documentos de coisas da minha mãe, que eu sempre pensei que não poderiam ir embora comigo. Isso precisava ficar em Maricá, que é o lugar onde ela mais se sentiu feliz', disse.
O escritor, que digiriu a minissérie Maysa: Quando Fala o Coração, afirma ter relação espiritual forte com a mãe, que o colocou em um internato na Europa. Jayme conta que as decisões de sua vida são tomadas após uma consulta com ela: "Minha mãe tinha um sentido de criação gigante dentro dela e acho que passou tudo isso para mim, que acabo por passar para os meus filhos (Jayme, André, Maria Fernanda e Maysa). É motivo de muito orgulho e gratidão para mim termos herdado essa coisa tão bonita que é a arte. Tivemos uma relação maravilhosa quando descobrimos o que o outro representava."
"Eu vivi muitos anos na Espanha em colégio interno e por muitas vezes me questionei porque ela tinha me deixado lá. Sofri muito na época, mas quando os anos passam a gente vai entendendo as atitudes das pessoas. Quando eu tinha 19 anos, a gente fez as pazes. Foi um momento muito importante na minha vida depois que entendi, aceitei e me convenci de que ela estava totalmente certa", contou.
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