Bissexual assumida, Ana Hikari lembra preconceito na escola: “Diziam que era nojento menina beijar menina”

Atriz contou que passou por “processo” para se descobrir

Redação Publicado em 02/09/2020, às 08h10

Ana Hikari abriu o jogo sobre preconceito e machismo - Foto: Reprodução/ Instagram

Bissexual assumida, Ana Hikari, a Tina, de Malhação: Viva a Diferença (2017), contou que só teve coragem de tornar pública sua orientação sexual após perceber que o mundo estava “aceitando” a ideia.

Namora atualmente o funcionário público Gersínio Neto, a atriz explicou à coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo, que “sempre teve insegurança em expor” e que costuma ouvir comentários pejorativos sobre o assunto na época da escola.

“É legal poder falar sobre isso porque sempre tive muita insegurança em expor. Pessoas bissexuais têm a sexualidade questionada com frequência. Estar em um relacionamento sério é normalmente uma das motivações para comentários. Eu, por exemplo, namoro um homem, e as pessoas deduzem que sou hétero. A bissexualidade não depende do gênero da pessoa com quem você está se relacionando no momento. No meio LGBTQIA+, a bissexualidade também é questionada e tem pouca representatividade. Eu cresci sem referência alguma do que era uma pessoa bi. Sempre vi, no máximo, alguns homens serem gays e mulheres, lésbicas. Ou então ouvia comentários pejorativos. Colegas minhas de escola diziam que tinham nojo de ver meninas beijarem meninas. Isso me reprimiu muito. Mas eu sempre soube que era. Não passei pelo processo de me descobrir, isso estava dentro de mim. O que me aconteceu foi perceber que o mundo é que tinha que me enxergar de maneira justa. Quando descobri que o mundo podia me aceitar é que eu comecei a falar publicamente sobre esse assunto”, revelou ela.

À publicação, Ana, que estará em Quanto Mais Vida Melhor, novela Mauro Wilson para a faixa das 19h, também falou sobre machismo, preconceito e agressões que sofreu de um namorado.

“Infelizmente, tive alguns relacionamentos abusivos. Ao sofrer uma agressão de um namorado na adolescência, ouvi de uma professora que eu era ‘mulher de malandro, que gostava de apanhar, mas voltava’. Também é comum as pessoas dizerem: ‘Em briga de marido e mulher não se mete a colher’. Ou então julgarem a figura feminina. Quem estava em volta nunca me apoiava, ainda que eu estivesse nessa situação de vulnerabilidade. Atribuíam o erro a mim, e não ao agressor. É uma situação grave”, contou a artista.
Para a atriz, o fato de haver mais informação disponível está ajudando a mudar o cenário:

“Sinto que as coisas estão começando a mudar. Hoje em dia temos sensibilidade e conhecimento para conversar com quem sofre esse tipo de coisa. Há informação e muita gente disposta. Uso as minhas redes sociais para isso, por exemplo. Ter mais de um milhão de seguidores não é nada se eu não proporcionar um conteúdo que gere reflexão. Não quero que me sigam porque me veem na TV ou porque me acham bonita. Acho importante falar do que passei porque qualquer uma de nós está sujeita”, completou.

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