Relatos públicos de autocuidado se cruzam com discussão no Senado sobre acesso, segurança e continuidade dos tratamentos

por Zoom Pop
Publicado em 23/12/2025, às 20h54
O interesse por medicamentos usados no controle de peso, especialmente a tirzepatida, ganhou força no Brasil nos últimos anos, impulsionado por relatos públicos de artistas que falaram abertamente sobre suas jornadas de emagrecimento e saúde. A visibilidade ajudou a tirar o tema do tabu e levou a discussão para além das redes sociais, alcançando também o Congresso Nacional.
Artistas como Luiza Possi, Yasmin Brunet, Mariana Goldfarb e Jojo Todynho compartilharam experiências relacionadas a mudanças no estilo de vida, autocuidado e acompanhamento profissional. Embora cada trajetória seja diferente, os relatos despertaram a atenção do público para tratamentos disponíveis e para a importância de olhar a obesidade como uma questão de saúde.
Esse movimento acompanha uma tendência global. Estudos clínicos indicam que a tirzepatida pode levar a reduções médias de peso superiores a 15% em um ano, quando utilizada com prescrição médica e associada a orientação profissional e mudanças no estilo de vida.
Debate no Senado
O tema ganhou contornos institucionais nesta semana. No plenário do Senado, a senadora Soraya Thronicke, do Podemos do Mato Grosso do Sul, voltou a se posicionar contra uma eventual restrição ampla à manipulação da tirzepatida, apontando o impacto direto sobre pacientes que dependem de tratamentos individualizados.
“Na prática, inviabilizar a manipulação pode prejudicar diretamente quem precisa de doses personalizadas, acompanhamento médico próximo e continuidade terapêutica”, afirmou. Para a parlamentar, tratar a manipulação como ilegal ignora o que já está previsto na legislação sanitária brasileira.
“A narrativa de ilegalidade é uma falácia. O caminho responsável é fortalecer a fiscalização, não criar barreiras que concentrem o mercado e dificultem o acesso”, disse Soraya. Ela também alertou para os efeitos sociais e econômicos de uma eventual restrição. “Milhares de brasileiros podem ficar sem acesso ao tratamento”.
Acesso e fiscalização
A discussão ganhou reforço com a divulgação de uma nota da Associação Nacional Magistral de Estéreis, ANME, que alertou para a pressão exercida por uma grande multinacional farmacêutica contra a manipulação da tirzepatida em farmácias estéreis.
Segundo a entidade, a manipulação sob prescrição médica individualizada é amparada pela Lei nº 9.279 de 1996 e reconhecida pela própria Anvisa, desde que cumpridas exigências rigorosas de qualidade, rastreabilidade e controle sanitário. A ANME destaca ainda que a indústria detentora do medicamento industrializado já reconheceu limitações para suprir toda a demanda nacional.
Para a associação, restringir a manipulação legal e fiscalizada não eliminaria a procura, mas poderia estimular o mercado clandestino, ampliando riscos à saúde pública. A entidade defende o fortalecimento da fiscalização como alternativa mais eficaz.
Entre visibilidade e cuidado
Especialistas reforçam que, apesar da popularização impulsionada por figuras públicas, a tirzepatida deve ser utilizada exclusivamente com indicação médica e acompanhamento contínuo. O tratamento não substitui estratégias integradas de saúde, como alimentação adequada e atividade física.
Com artistas ajudando a ampliar o debate e o Congresso discutindo os impactos regulatórios, o desafio agora é equilibrar acesso, segurança e continuidade dos tratamentos, garantindo que a visibilidade se traduza em informação qualificada e decisões baseadas no interesse público.
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