Profissionais criaram abaixo-assinado para pedir mais proteção no trabalho
Redação Publicado em 02/04/2020, às 10h18
Entregadores que trabalham com os aplicativos Rappi, iFood, Loggi, Uber Eats, 99Food e James, usados para pedir comida, criaram um abaixo-assinado para pedir mais segurança às empresas durante o trabalho.
Em uma página criada no Change.org, Paulo Lima, de 31 anos, contou que as demandas aumentaram bastante por causa da quarentena, e que ele e outros colegas motorizados e que usam bicicletas para fazer as entregas sentem que estão largadas à própria sorte.
Em um relato, o entregador, que tem uma filha de dois anos e mora no mesmo quintal da avó, de 86 anos, tira das entregas o único sustento da família: “A gente chora, tem família”, disse ele, em um vídeo para o The Intercept Brasil.
“Eu preciso voltar para casa tendo a certeza de que eu não tenho nada de doença, por causa da minha família. Eu tenho uma filhinha de 2 anos, moro também no mesmo terreno que a minha avó, que tem 86 anos e uma saúde muito debilitada. Se eu levar esse vírus para dentro da minha casa e infectar minha avó ou minha filha pequena, como vai ser?”, disse Paulo.
Na página, que já conta com pouco mais de 80 mil assinaturas (de uma meta de 150 mil), Paulo conta que trabalha com fome porque “não pode perder tempo” e que não vai para casa para “não levar o vírus” até seus entes queridos:
“Seguimos fazendo as entregas no meio dessa crise do coronavírus e as empresas não nos forneceram nenhuma medida de proteção, como álcool em gel, máscaras ou luvas. A gente trabalha com fome porque não tem como voltar para almoçar em casa, por exemplo. Corro o risco de levar o vírus para dentro de casa. Teria que trocar de roupa e fazer todo o processo de higienização na hora do almoço e no fim do dia. Imagina quanto tempo isso levaria? A gente já ganha pouco, ganharia menos ainda e colocaria a nossa família em mais risco”, ressaltou.
Falando em nome de outros colegas entregadores, ele pediu que as empresas se posicionem sobre o assunto e que forneçam pelo menos o alcool gel para quem trabalha nas entregas, já que o contato com pessoas continua grande para eles.
“Não temos condições de comprar álcool em gel e arcar com a alimentação. Precisamos que as empresas de aplicativos se posicionem e tomem providências para que a gente esteja mais protegido. Temos contato com muitas pessoas todos os dias”, completou.
Das empresas citadas por Paulo no desabafo, a Rappi foi a única que se posicionou sobre o assunto até o término desta matéria. Em um comunicado, a empresa disse que os entregadores “são parte importante da empresa” e que “adotaram protocolos” diante da pandemia do novo coronavírus.
A empresa declarou que criou um fundo para ajudar seus colaboradores e que disponibilizou no próprio aplicativo do entregador um botão que deve ser acionado caso o profissional “tenha sintomas e/ou testem positivo para o novo coronavírus”.
A Rappi oferece ainda um apoio financeiro por 14 dias caso o entregador precise ficar afastado. Além disso, a empresa criou uma opção para “entrega sem contato físico” no aplicativo.
Veja o comunicado na íntegra abaixo.
“Os entregadores parceiros são fundamentais para a Rappi e ainda mais importantes para a sociedade nesse momento. Tendo isso em vista e seguindo em linha com nossa missão de ter a segurança de todo nosso ecossistema como nossa prioridade maior, adotamos vários protocolos - que listaremos mais abaixo - e também criamos um fundo para proteger nossa comunidade de entregadores parceiros. Para colocar esse benefício em prática, disponibilizamos no aplicativo do entregador um botão específico para que eles notifiquem a Rappi caso tenham sintomas e/ou testem positivo para o novo coronavírus. Caso isso aconteça, os apoiaremos financeiramente nos 14 dias em que precisarão ficar afastados.
Com relação às medidas de segurança, habilitamos uma opção de entrega em domicílio sem contato físico - basta que o usuário a indique dentro do app ou via chat, para que o entregador parceiro deixe seus pedidos na porta e se afaste 2 metros, evitando assim, a proximidade. Em nossas dark kitchens, desenhamos faixas de distanciamento para que os entregadores parceiros aguardem em segurança os pedidos. E estamos estimulando o pagamento via aplicativo, para evitar ainda mais o contato e a manipulação de dinheiro em espécie (pois já não operamos com máquinas de cartão de crédito e débito).
Ainda, para protegê-los, a Rappi importou centenas de milhares de géis e máscaras antibacterianas para que sejam disponibilizadas para esses profissionais. Além disso, a startup está realizando uma forte campanha de educação, autocuidado e prevenção, reforçando todas as medidas que devem ser tomadas – por entregadores parceiros, usuários ou estabelecimentos. Entre as comunicações frequentes estão orientações para antes, durante e depois das entregas, como lavar ou desinfetar seus acessórios e seu veículo, antes de começar a fazer entregas, usar álcool em gel entre os pedidos, evitar se juntar com mais de cinco pessoas e lavar as mãos sempre que possível. Ao chegar em casa, orientamos para que tirem os sapatos e roupas usadas ao longo do dia, pendurá-las no varal para limpá-las com álcool. É importante ainda deixar a mochila na entrada de casa e limpá-la com álcool, bem como o celular. Depois disso, é necessário lavar bem as mãos e tomar banho.
A Rappi reitera a importância de nossa comunidade e segue atenta às recomendações das autoridades competentes para melhor apoiar os entregadores parceiros.”
COLUNISTAS