Elaine Ranzatto - Foto: MF Models Assessoria Elaine Razatto, Musa das escolas de samba Acadêmicos da Rocinha e Caprichosos de Pilares, posou para um ensaio
Fabiano de Abreu Publicado em 28/12/2015, às 13h09
Elaine Razatto, Musa das escolas de samba Acadêmicos da Rocinha e Caprichosos de Pilares, posou para um ensaio inspirado no carnaval, no alto do Morro do Vidigal.
Elaine, que é natural de Niterói, mas vive em Angola há alguns anos, teve contato com a vida na comunidade e falou sobre a experiência.
Posar no Vidigal foi uma sensação indescritível por que pude conhecer bem de perto a cultura da comunidade. Atestei pessoalmente que tem muita gente bacana, honesta e batalhadora. Estive com tia Leia uma lutadora que a mídia explorou mas poucos dão valor. É uma mulher extraordinária. Subi o morro de Kombi, como tem gente lutadora”, revelou Elaine
Mesmo vivendo em Angola, Elaine notou o descaso do governo com diversos setores da sociedade e se mostrou indignada com o abandono imposto pelos governantes.
“O Brasil precisa de educação e cultura para que tenhamos um futuro justo. Nossas crianças não tem bons exemplos aqui dentro. Precisamos de um modelo americano, para aprender o que é civismo e entende que honestidade é obrigação e não qualidade. Só assim, lá na frente, formaremos um governo mais justo, forte e inteligente. Esse governo e essa geração, para mim, estão perdidos. Não há mais o que fazer porque tá todo mundo corrompido. Eu quero viver ainda para ver essas crianças que vi no Vidigal indo para escola, tenho bons exemplos.
O indignação de Elaine se deparou com o contraste do desgoverno com a paisagem esplendorosa proporcionada pela comunidade, uma das mais tradicionais da cidade. Elaine ainda traçou um paralelo entre a busca de evolução de Angola, onde vive atualmente, com sua pátria mãe, o Brasil.
“O Vidigal é uma comunidade linda. A paisagem é bonita, as pessoas têm essência bonita, sonhos bonitos. Falta vergonha na cara dos nossos governantes, mas eu só acredito numa mudança a longo prazo, através da mudança de cultura e educação. De resto, não pensem que aqui fala uma “patricinha”, que nunca viu a pobreza, ou lugares humildes. Minha família está na baixada fluminense, parte no subúrbio do Rio, em Marechal Hermes, e parte em Maricá. E eu sai do Brasil para ver um cenário 50 vezes pior… Africa. Então olhando para minha Angola e para meu Brasil, ainda acredito mais em Angola que tem somente 40 anos de independência e 90% da população ainda tem inocência. E qual é a nossa desculpa com 500 anos? Colocar a culpa nos índios? Na colonização portuguesa? Nós perdemos a ingenuidade e a honestidade. Não aceito as desculpas de hoje, a política e a economia. Já tivemos tempo suficiente. Somos um país de sem vergonhas, sem atitude pra mudar”, desabafa Elaine Ranzatto.