Diretores das escolas alertam que Round 6 passa mensagem violenta
Redação Publicado em 27/10/2021, às 10h23
Em Nova York, nos Estados Unidos, três escolas estão proibindo que os alunos usem fantasias de Halloween inspiradas na famosa série da plataforma de streaming Netflix,"Round 6".
Diretores das escolas chegaram a enviar e-mails para os pais dos alunos informando a determinação, diz a publicação do "The New York Times" desta quarta-feira (27/10).
Os responsáveis pelas escolas escreveram nos e-mails que existe "mensagem violenta" na série e também relatam registros recentes de crianças reproduzindo algumas práticas da obra sul-coreana, ainda segundo a imprensa internacional.
“Devido à natureza violência dos jogos da série, são inapropriadas suas práticas na escola. Adicionalmente, o uso de fantasias de Halloween da série não estarão em acordo com as nossas normais devido à mensagem violenta intrínseca ao figurino”, diz o e-mail enviado para os responsáveis dos alunos.
A série Round 6 já foi vista por mais de 146 milhões de contas por todo o mundo. A produção acompanha um grupo de pessoas na Coreia do Sul com dificuldades financeiras que acabaram aceitando uma proposta de participar de uma espécia de campeonato de jogos infantis mortais, com a esperança de ganhar um prêmio bilionário.
Na França, cinco crianças foram hospitalizadas após serem agredidas por alunos mais velhos em uma escola, que tentavam reproduzir uma das "brincadeiras" exibidas na série. Conforme noticiou o jornal "Le Parisien", os cinco alunos foram surpreendidos em um corredor estreito pelos mais velhos no último dia 13.
A publicação afirmou que a situação fugiu do controle quando a situação se tornou violenta. O colégio onde a briga aconteceu afirmou que três processos de expulsão foram abertos contra alunos que deram a ideia de reproduzir os jogos da série sul-coreana.
Em manifestação ao CENAPOP, a neuropsicóloga Leninha Wagner lembra que o quanto é necessária uma espécie de controle por parte dos pais no que diz respeito às produções que crianças e adolescentes assistem, principalmente após o sucesso da produção da Netflix.
“A série apresenta cenas de violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, sexo, palavras de baixo calão, e isso chama a atenção, pois são crianças comentando sobre o assunto como se fosse algo normal delas assistirem”, disse ela.
Ao entrar em contato com conteúdo de cunho violento, as crianças e adolescentes acabam ‘normalizando’ e tomando isso como algo comum. Tornam-se mais reativas e agressivas. Nesta fase da vida ainda são imaturos e muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes.
Além disso, ela pondera que nesta idade o cérebro tem menos “freios” na regulação das emoções. “A escola é o ambiente que mais se assemelha ao lar, com leis e regras, mas também acolhimento e amor. Por todo segmento educacional com interface da saúde mental estão preocupados com a repercussão dessa série. As crianças tendem a fazer o que vêem, não o que os pais e professores sugerem”. Diante deste cenário, Leninha observa que “a ação preventiva preconiza o controle de tempo e de conteúdo da tela para crianças e adolescentes”.
Já o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu revela que "a criança não tem a mesma percepção preventiva do adulto, já que a região do lobo frontal, relacionada à tomada de decisões, lógica e prevenção está em formação. Assim como a cognição com base na experiência não está desenvolvida. São discernimentos diferentes na percepção do adulto e da criança”.
Neste caso, ele recomenda aos pais:
Deve-se ter cuidado ao acesso das crianças e explicar com argumentos coerentes para a faixa etária, de maneira que entenda o real e o abstrato assim como suas consequências.
COLUNISTAS