Veja a crítica da série Round 6, que continua impressionando os assinantes da Netflix
Redação Publicado em 23/09/2021, às 21h16
Round 6 estreou na semana passada no catálogo da Netflix e vem mantendo um sucesso constante junto ao público, muito por conta de sua história insólita e nenhuma vergonha em ser sanguinolenta. Desde o começo de sua exibição, ela ocupa o top 10 das produções mais vistas na plataforma, e toda a fama é justificada.
O k-drama conta a história de Ji-Hun, um homem sem sorte e lutando para sobreviver. Ele tem milhões de dívidas, tanto com agiotas quanto com o banco; além disso, ele não consegue se livrar de seu vício em jogo. No entanto, um convite faz parecer que sua sorte está mudando.
Veja mais sobre a série no vídeo abaixo:
Um misterioso empresário oferece a Ji-Hun uma saída para seus problemas financeiros e promete resolver sua vida. Desesperado, ele agarra a oportunidade, sem saber que a oferta é literalmente uma questão de vida ou morte: trata-se de um jogo onde ele disputa com mais de 400 pessoas, que logo notam que estão presas em uma armadilha mortal que pode custar a vida. Só pode haver um vencedor.
Conforme a história avança, conhecemos outros personagens que estão na mesma situação que Ji-Hun: o Jogador 001, o chefão da máfia Deok-Soo e o amigo de Ji-Hun, Sang-Woo. Todos eles estão lutando para sobreviver e vencer as provas que deixará um deles milionário. Ao perceberem onde se meteram, porém, eles tentam bolar uma forma de sair dessa situação.
O que há de encantador em Round 6 é a sua forma direta de tratar a violência. Várias das mortes mostradas no decorrer da série são fortes, realmente brutais, e muito bem realizadas assim como nos primeiros filmes da cinessérie Jogos Vorazes. No entanto, a violência não é usada de forma gratuita, mas sim para fazer uma crítica social a respeito da sociedade de consumo, e também sobre os efeitos de endividamento desenfreado causado pela ganância e, ao fim, pelo próprio capitalismo.
Todos os personagens em Round 6 são bem estruturados, interessantes e que contam com bons atores para interpretá-los. Nos nove episódios da série, conhecemos profundamente cada um deles, e há tempo de sobra para desenvolvê-los de forma absolutamente satisfatória. Essa é uma excelente notícia, já que existem séries de vinte episódios que não conseguem dar tridimensionalidade para seus protagonistas, muito menos os coadjuvantes.
Além disso, a série também faz comentários sobre a enorme fossa entre ricos e pobres, que é particularmente citado no último episódio da série, e que ajuda a dar sentido a tudo o que vimos nos episódios anteriores. Mesmo sendo quase sádica em suas imagens violentas, Round 6 faz a gente terminar refletindo sobre a nossa própria vida e em como estamos enredados em uma sociedade que quer nos colocar dentro de caixas, rotulando a todos e impedindo o progresso através do poder financeiro.
Visualmente, Round 6 faz escolhas narrativas muito interessantes, como o uso das cores e uma fotografia que usa e abusa de ângulos cheios de invencionices, que emolduram as imagens desses jogos bizarros. Também há um grande ganho na trilha sonora, que não parece ser invasiva, e que pontua o suspense das cenas com grande talento, sem querer chamar toda a atenção para si.
É claro que, em se tratando de uma série feita para maratonar, Round 6 deixa um enorme gancho para quem quer uma segunda temporada, que com certeza o sucesso prolongado da série na plataforma vai garantir. Mas mesmo se tivesse apenas uma temporada, Round 6 já seria um dos grandes lançamentos da Netflix neste ano, por conseguir equilibrar uma história insana de violência com uma crítica social absolutamente contundente e necessária.
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