Série documental estreou na última segunda (11/05) e traz seis casos norte-americanos em que a imprensa ajudou a criar narrativa
Redação Publicado em 12/05/2020, às 12h44
Muito se discute sobre o enorme poder que a mídia tem para conduzir narrativas. O alcance é imenso e, por isso, falar sempre a verdade é um dever -- mesmo que existam muitos casos em que o sensacionalismo faça com que injustiças sejam cometidas, principalmente nos dias de hoje, por conta das redes sociais e blogs.
A regra geral é que a mídia deve cobrir os eventos à medida que eles acontecem. Entretanto, muitas vezes os jornais podem influenciá-los. Esses são os casos tratados em Condenados pela Mídia, nova série documental da Netflix que traz um recorte fascinante sobre esse tema.
Nós fizemos uma crítica em vídeo a respeito dessa série, que você pode ver aqui.
No decorrer dos seis episódios da série, percebemos como, em casos altamente midiáticos, advogados e promotores falam não só para um juri, mas também para as câmeras. Consequentemente, falam para a opinião pública, criando uma guerra de narrativas que pode ajudar a jogar luz em um caso difícil como também pode criar uma injustiça.
O chamado "tribunal da opinião pública" tem a ajuda da mídia para se moldar. A cobertura da imprensa ajuda a montar a percepção do público, e muitas vezes a narrativa acaba se tornando mais importante que os fatos. Isso pode afetar o veredito final, já que juízes não estão imunes a essa influência. Fica então a pergunta: quem foi o verdadeiro juiz?
Em um dos episódios, um advogado explica que não se trata de lei, mas sim sobre quem consegue contar a melhor história. No entanto, o mundo em que vivemos não é preto e branco, é cinza, e essa é uma sombra mais difícil de vender, particularmente em um cenário de notícias fragmentadas que exige que os lados sejam tomados, mesmo que permanecer imparcial seja um dos princípios fundadores do jornalismo.
Condenados pela Mídia tem alguns episódios melhores que outros, mas no geral, é uma série que nos dá um bom panorama sobre essa questão tem vem sendo tão discutida nos últimos anos, mas que não é nova: no Brasil, por exemplo, ficou famoso o caso da Escola Base, em 1994, quando uma reportagem equivocada acabou com a vida e a carreira de várias pessoas que foram acusadas de abuso sexual de crianças -- acusação que depois foi provada como infundada.
COLUNISTAS