NETFLIX

Clark: série da Netflix mostra história do criminoso que originou o termo "síndrome de Estocolmo"

Clark é a nova série da Netflix baseada na vida do criminoso interpretado por Bill Skarsgård

Bill Skarsgard interpreta Clark Olofsson na série da Netflix - Foto: Reprodução / Netflix
Bill Skarsgard interpreta Clark Olofsson na série da Netflix - Foto: Reprodução / Netflix

Redação Publicado em 05/05/2022, às 16h08

A Netflix estreou em seu catálogo nesta quinta-feira (05/05) uma nova minissérie em seis episódios, chamada "Clark". A produção se baseia na história real de Clark Olofsson, um criminoso conhecido na Suécia por usar seu charme para cometer diversos crimes, além de ser um notório mentiroso: os episódios foram escritos com base em sua autobiografia, trazendo alguns exageros típicos de um mitômano.

A série acompanha Clark desde o começo de sua carreira de crimes, quando ele, ainda muito jovem, conseguia usar seu charme e seu humor para conseguir o que queria em pequenos golpes. Com o passar dos anos, ele passou a tentar golpes maiores, e com isso o charme foi desaparecendo e dando lugar a um certo desespero. Um dos crimes mais notórios que ele cometeu foi em um banco em Estocolmo, onde ele conseguiu convencer os reféns a apoiá-lo apenas usando a malandragem. Foi ele que deu origem ao que hoje conhecemos como a Síndrome de Estocolmo.

(E o que é a Síndrome de Estocolmo? É quando uma pessoa, feita refém por um bandido, passa a tomar partido dele e defendê-lo, e começa até mesmo a tentar ajudá-lo em uma fuga ou testemunhar a favor dele em julgamento).

Mas tudo isso, na série, é mostrado como uma arma de Clark para conseguir escapar das punições da justiça ou se livrar de situações de perigo. Ao longo dos seis episódios de uma hora, também acompanhamos flashbacks do passado dele, mais especificamente da infância. E é aí um dos acertos da produção: ao trazer a repetição de eventos do passado de forma diferente, entendemos como funciona a mente do criminoso: há tantas camadas de mentira nas coisas que ele conta que a verdade aparece aos poucos, e as situações verdadeiras vão se mostrando cada vez mais pesadas.

Ótima interpretação

Quem interpreta Clark nessa minissérie é o Bill Skarsgård, que ficou bastante conhecido nos últimos anos por ser o Pennywise em "It: A Coisa". Longe do papel assustador que ele fez nos dois filmes baseados no livro do Stephen King, aqui ele usa o charme para convencer no papel, e consegue se sair muito bem.

O personagem é engraçado, arrogante e muito desafiador, ficando bem claro enquanto ele vai tentando golpes crescentes conforme o tempo passa. Mas o ator consegue também dar mais camadas quando deixa aparecer as inseguranças do cara, que vão causando transformações conforme os crimes vão ficando mais elaborados e ele vai perdendo o charme. Ele carrega a série nas costas e consegue um resultado surpreendente.

A direção da série ficou a cargo do Jonas Akerlund, conhecido diretor de clipes para nomes como Lady Gaga, Madonna, Rammstein, Beyoncé, Metallica, U2 e tantos outros artistas, e tem como crédito de direção um filme ótimo, "Lord of Chaos", de 2018. O estilo dele é sempre o mesmo: muitos cortes, com edição ágil e a câmera que não para. Na maioria do tempo isso funciona aqui em "Clark", mas acaba se tornando cansativo conforme os episódios vão passando.

O roteiro brinca com as situações em que o personagem principal se mete, trazendo os flashbacks de uma forma inventiva ao ir revelando gradualmente o que é verdade e o que é mentira nas lembranças de Clark. Para quem pensava que essa série também seria a explicação sobre a criação do termo Síndrome de Estocolmo, o crime que gerou essa repercussão aparece apenas no episódio 4.

Em geral, essa série tem ótimos momentos de suspense, de drama e, sobretudo, de comédia de humor negro. É uma história real sobre um homem com um olhar muito particular sobre si mesmo: alguém que pode ser uma pessoa de métodos que podem chocar as pessoas, ele também pode ser afável, divertido e provocativo. Mesmo que a direção da série tenha seus problemas por conta do ritmo agitado que nem sempre cabe nos momentos de maior tensão, o grande trabalho do Bill Skarsgård compensa tudo.