Modelos passaram por constrangimentos, tiveram hipotermia e até ficaram paralisadas
Redação Publicado em 06/05/2021, às 05h00 - Atualizado em 07/05/2021, às 10h58
Com algumas edições disputadas por colecionadores até nos dias atuais, a revista Playboy ― que deixou de ser publicada no Brasil em 2017 ― tem muitas “histórias de bastidores” que os fãs desconhecem.
Na busca pelo “cenário ideal”, algumas das capas (até icônicas) da revista sofreram um bocado na produção de seus ensaios. Houve quem se machucou sério na sessão de fotos e até quem foi surpreendido pela polícia.
Dentre esses segredos, há ainda um truque de produção que ninguém fazia ideia que existia até pouco tempo.
Abaixo, o CENAPOP lista seis segredos dos bastidores da revista Playboy.
Sensação da TV nos anos 2000, Bárbara Borges foi duas vezes capa da Playboy. No primeiro ensaio, clicado em 2005 pelo fotógrafo Luis Crispino, teve o azar de encostar em uma caravela-portuguesa (comumente confundida com águas-vivas) enquanto fotografava no mar da Península de Maraú, no sul da Bahia, e teve que interromper a sessão de fotos.
“Quando fomos fotografar, tinha muitas caravelas na água, já tinham avisado... E lá estava eu, maravilhosa, só de blusinha na água [...] de repente eu senti algo queimando o meu tornozelo. Eu disse ‘ai, queimou’. Quando eu olhei, parecia que tinha uma tatuagem em mim. O negócio grudou na minha pele. Eu senti arder, queimar, mas não foi só isso. A minha perna começou a paralisar. Ficou pesada, e eu fiquei com uma sensação esquisita”, revelou ela, ao colecionador Lucas Hit, do Clube da VIP.
Diante da situação, a atriz tentou usar até xixi para amenizar o ferimento e a dor: “Aí me falaram ‘xixi é bom’, Eu não conseguia, foram pegar xixi para jogar e melhorar a situação. O crispino me carregou no colo até um lugar, eu fiquei deitada, chamaram médico. Por isso que a parte da praia não foi explorada no ensaio. A situação foi contornada, mas eu segurava na mão [do fotógrafo] e chorava. Chegou a me dar cólica”, completou.
Capa da Playboy em abril de 1993, a musa Kelly Cristina, eleita a “Pantera” naquele ano, precisou de atendimento médico após ser arranhada pela onça pintada ― a Natacha ― utilizada em sua sessão de fotos. Para fazer uma “brincadeira” com o título do concurso de beleza, a produção da revista pensou em utilizar uma onça nas fotos de capa e também no ensaio interno, mas houve um “acidente de percurso”.
Com apenas 17 anos na época (ela chegou a desmentir a matéria da revista que dizia que ela tinha 19), Kelly segurou o bicho e acabou sendo arranhada pelo felino. Incomodada com o barulho, a água e o bronzeador no corpo de Kelly, a onça tentou atacá-la e chegou a ferir seu ombro durante uma das tentativas de foto para a capa.
“Eu estava cansada, ela era pesada. Depois do acidente passaram álcool, me acalmaram… A garra dela passou pertinho do meu pescoço”, revelou ela, que teve que ir ao médico e tomar injeção por precaução. A atriz e ex-modelo carrega a marca até hoje.
Capa da Playboy em julho de 2008, Natália Casassola desmaiou de frio e ficou desacordada por pelo menos uma hora após fotografar pelada em um lugar de frio extremo. De acordo com Kika Paulon, que trabalhou como produtora da revista por 7 anos, a ex-BBB “ficou roxa e batendo os dentes” e demorou a voltar ao normal.
“Esse ensaio foi em um lugar muito, muito, muito frio… lugar mais frio do Brasil, acho que era São Joaquim… era perto da cidade dela. A gente precisava de uma vista espetacular, e era um lugar que neva… e tinha um cavalo, o hotel era incrível. Só que levamos a mulher lá às 5h da manhã, pelada. Todo mundo estava de casaco”, lembrou ela.
“Ela ficava roxa, batendo os dentes. Ela estava de roupão, mas estava batendo os dentes. Numa dessas fotos, ela teve uma hipotermia. Ela estava levando o cavalo, começou a ficar roxa e caiu no chão. O Duran olhou para mim e disse: ‘deu merda’. Corremos lá e colocamos um monte de cobertores em cima dela. Levei ela correndo para o quarto e a coloquei numa hidromassagem pelando e ela começou a voltar à vida, ficar corada. Ela ficou em choque por um tempo. Nós estávamos encapotados, estava muito frio. Ela era ótima, não falava nada… mas aí caiu no chão e ficou por uma hora”, completou.
Uma das recordistas de vendas da Playboy, Andressa Soares, a eterna Mulher Melancia, passou por um “constrangimento extra” ao “tomar um enquadro” da polícia enquanto fotografava pelada em um galpão do Ceagesp, em São Paulo.
“Estávamos lá, com o Jorge Bispo (fotógrafo) e de repente entrou oito viaturas de polícia no galpão e os policiais gritando ‘todo mundo no chão’. Eram uns 15 policiais com metralhadora, armados até os dentes. A gente se jogou no chão. E a Mulher Melancia estava de calcinha no chão”, lembrou Kika Paulon.
“Primeiro eles vasculharam o galpão, e a gente estava no chão. Depois de algum tempo, um policial perguntou quem era o responsável, eu expliquei tudo. Depois viram que era a Mulher Melancia, pediram autógrafo. Ainda falaram assim: ‘quer que a gente fique aqui para fazer a segurança?’”, lembrou.
Apurando os fatos, a produtora revelou que a polícia foi chamada por pessoas do galpão ao lado:
“Foi uma denúncia feita pelo galpão do lado. Eles viram que a Mulher Melancia ia ficar pelada lá, e a gente colocou uns panos pretos para evitar bisbilhoteiros. E aí eles devem ter ficado putos, e fizeram a denúncia. Disseram que estava tendo um roubo nesse galpão. A Mulher Melancia foi a recordista de vendas do ano”, contou.
Capa da edição de aniversário da Playboy, Nanda Costa viajou para Havana, em Cuba, para fotografar, e tirou a roupa (de verdade, ninguém era figurante) diante de vários cubanos desavisados.
A revelação foi feita por Bob Wolfenson, responsável pelos cliques:
“Do meu ponto de vista, ela foi de uma coragem imensa, naquele momento havia uma multidão assistindo à cena e muitos falando coisas que, felizmente, não entendíamos”, começou ele, reproduzindo em seguida o comentário da atriz.
“Foi um desafio e tanto fotografar nua em Havana, sobretudo uma capa da Playboy! Confesso que estava um pouco assustada com tudo, e só fui conhecer o gigante Bob Wolfenson em um jantar na noite anterior ao shooting. Mas não sabia como seria a troca no set. Até que um dia (ou no dia seguinte...) a gente estava indo de uma locação para outra, quando, de dentro da van, eu vi uma barbearia e sugeri fazer uma foto lá. O Bob riu e topou na hora. Tinham alguns homens nas cadeiras, cortando o cabelo etc e eu, ali, só de roupão, esperando. Na hora em que ele encontrou a luz e o enquadramento que queria, pediu, ao mesmo tempo, para os caras saírem e eu ficar pelada”, recordou ela.
“‘Temos a foto!’. Tínhamos que ser extremamente rápidos e certeiros porque, muitas vezes ouvíamos ‘mira uma mujer desnuda’ e começava a juntar gente. Aí eu disse que não precisava tirar ninguém, não. Na verdade, criei uma personagem para me sentir mais segura, coloquei um nome e confiei completamente nesse cara sensível e extremamente talentoso. A reação dele foi engraçada e, mais uma vez, ele comprou a ideia. Resultado: daquela série nasceu uma das fotos que eu mais gostei. O nome disso é parceria e generosidade, algo que, eu acredito, só os grandes profissionais, os grandes gênios de um ofício, são capazes de entender e valorizar”, elogiou Nanda.
Muitas musas e beldades (famosas, semi famosas e subcelebridades) usaram esse truque nos bastidores de seus ensaios para disfarçar a verdadeira anatomia de suas partes íntimas, de acordo com a produtora Kika Paulon.
Responsável por todo o processo de produção, ela contou que usava cola de cílios (lavável e atóxica) para esconder o clitóris (de todos os tamanhos e formatos) das modelos.
“É verdade [...] elas abaixavam a calcinha e caia ‘um pedaço de carne’. Parecia um mini pênis”, disse a produtora. Não era bonito de se ver na Playboy… No Photoshop não dava para tirar, então armamos esse truque”, continuou.
“Nós usávamos cola para colar cílios, atóxica, transparente, que sai na água. Pedíamos para a modelo colocar o ‘negócio’ para dentro e então colávamos as ‘bochechinhas’ e segurávamos por 30 segundos, com luva de látex tudo certinho. Algumas eu apertava por um minuto. E segurava, só não podia entrar na água”, revelou ela.
“Me surpreendi com o número de mulheres que tinham o clitóris enorme. Eu nunca forcei a barra, elas que pediam. Se eu percebia que era grande [o clitóris] e a modelo não falava nada, eu também não falava. Mas elas é que pediam, chegavam em mim e diziam: ‘olha, eu tenho uma coisinha’… Eu dizia: ‘eu já sei o que é’”, completou.
*Lucas Hit é dono do Clube da VIP, parceiro do CENAPOP e está resgatando a história das revistas masculinas do país em uma série de entrevistas com as maiores musas do Brasil em seu Instagram e YouTube.
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