Maju Coutinho em seu ensaio para a Claudia - Foto: Miro/ Revista Claudia A jornalista Maria Júlia Coutinho, também conhecida por Majú, é a estrela de capa da
Redação Publicado em 01/12/2015, às 14h03 - Atualizado às 15h41
A jornalista Maria Júlia Coutinho, também conhecida por Majú, é a estrela de capa da edição de dezembro da revista Claudia. Para a publicação, ela relembrou alguns momentos tristes de sua vida nos quais sofreu racismo.
Com apenas seis anos, Majú chegou a desacreditar que pudesse haver uma convivência pacífica entre as pessoas por conta de uma situação constrangedora que passou na Escola Islâmica Brasileira, em São Paulo, onde estudou até os 15 anos.
“Uma garota me encarou para dizer: ‘Você tem tudo preto na vida. Seu cabelo, seu carro, sua casa’. E, olhando para outras crianças, determinou: ‘Não brinquem com ela, porque tudo nela é preto’.”, revelou a jornalista.
Em julho deste ano, já como apresentadora da previsão do tempo no Jornal Nacional, da TV Globo, ela chegou a sofrer ataques racistas em redes sociais. Com isso, ela ganhou espaço no programa para fazer um discurso: “Muita gente imaginou que eu estaria chorando pelos corredores, mas na verdade eu já lido com essa questão do preconceito desde que me entendo por gente. Claro que fico muito indignada, fico triste, mas não esmoreço, não perco o ânimo (…) A militância que faço é com o meu trabalho, com carinho, dedicação e competência”. Com isso, foi criada a hashtag #somostodosmaju, que se espalhou rapidamente pelas redes sociais.
Para a publicação, ela comentou como reagiu aos acontecimentos daquele dia: “Preocupada, liguei para a minha mãe. Ela se abalou, ficou mal. E eu fechei a porta do quarto e chorei abraçada com o meu marido (o publicitário Agostinho Paulo Moura). Um choro por me sentir também acariciada por milhares de pessoas que se solidarizaram”.
Além disso, a jornalista ainda revelou que demorou para assumir o visual natural de seus cabelos: “Por anos, me submeti a um rito para ser aceita: esquentava no fogão um pente de metal e alisava o cabelo. Fora dos pequenos círculos, era difícil assumir a identidade. Precisa coragem para usar o crespo, símbolo de estar à margem”. Ela ainda completou: “Nos anos 1990, vi na capa da revista Raça uma negra com ar decidido, de tranças afro, enormes e lindas, e falei: ‘Eu quero isso’. Funcionou como uma permissão para ser eu mesma”.
Depois do lamentável fato ocorrido no meio deste ano com Majú, a atriz Taís Araújo também sofreu ataques racistas em redes sociais no final de outubro. Já nesse domingo (29), a também atriz Cris Vianna passou pelo mesmo momento de tensão ao sofrer com o ato criminoso de racismo em sua página no Facebook.