“Já tive, sim, romance com homens”, diz Reynaldo Gianecchini em entrevista

Reynaldo Gianecchini sempre foi bastante reservado no que diz respeito a sua vida pessoal. Seus romances sempre foram bastante discretos, e ele nunca gostou de falar sobre sua vida privada em entrevistas.

“Sou de Birigui, né, amore, interior tem uma ingenuidade. Até hoje meus amigos falam ‘para de ser Birigui’. Eu caio numas ciladas. Hoje estou mais cascudo, mas tenho tendência a acreditar muito na pessoa, tenho dificuldade com quem não tem compromisso. Se eu marcar um, posso até não ir. Mas vou ligar e explicar. No Rio, as pessoas não só não aparecem, como desligam o celular, não dão notícia”, disse o ator, quase se explicando, em entrevista publicada neste domingo (29/09) para a Revista Ela, do jornal O Globo. E ele falou abertamente sobre questões que sempre estiveram em aberto no que diz respeito a sua vida: a sua sexualidade.

“Todo mundo fala da minha sexualidade, né? Me cobram muito: ‘quando você vai sair do armário?’. Primeiro, quero falar para essas pessoas: antes de você achar tão interessante a sexualidade dos outros, dá uma olhadinha na sua”, iniciou o ator que está no ar em A Dona do Pedaço, novela das nove da TV Globo. “Talvez ela tenha mais nuances do que você pensa”, continuou.

Na sequência, ele explicou como enxerga essa questão: “Eu reconheço todas as partes dentro de mim: o homem, a mulher, o gay, o hétero, o bissexual, a criança e o velho. Como dentro de todo mundo. A sexualidade é muito mais ampla e as pessoas são levianas”, acusou. “Querem te encaixar numa gaveta, e eu não consigo, porque a sexualidade é o canal da vida e a minha sexualidade não cabe em uma gaveta”, disse.

“O desejo, para mim, não passa pelo gênero”

O ator continuou: “Nossas questões e tabus passam por esse canal. Não é à toa que cada um tem seus fetiches, suas particularidades. E eu não tenho vontade de falar com quem estou transando, não preciso falar. Prezo pela minha liberdade de não citar nomes e proteger minha privacidade”, comentou.

Em seguida, ao ser perguntado se já transou com homens, ele respondeu: “Já tive, sim, romance com homens e acho que esse é o momento de dizer isso. Mas nunca me senti obrigado a empunhar a bandeira de homossexualidade”, disse.

“O desejo para mim não passa pelo gênero e nem pela idade”, afirmou. “Demorei para falar porque isso esbarra sempre no tamanho do preconceito no Brasil. Mas agora é importante reafirmar a liberdade, por mim e por quem enfrenta repressão”, complementou.

O começo como ator e a persona “galã”

Reynaldo também lembrou, na entrevista, quando foi chamado para começar a atuar na televisão. Sua estreia foi em 2001, com Laços de Família, de Manoel Carlos.

“Foram me ver numa peça e me chamaram para fazer teste para novela. Eu detestava novela naquela época. Falei, cara, não quero, eu achei que ia ficar eternamente no teatro. Mas me convenceram dizendo, é a sua cara, um menino jovem que se apaixona por uma mulher mais velha. E era a Vera Fischer, eu tinha crescido vendo a Vera Fischer, nossa, ela era uma musa pra mim”, relatou.

O resultado é que ele acabou caindo nas graças do público. Atualmente, ele interpreta Régis na trama de Walcyr Carrasco. “O Régis não é aquele cara supermau. Era um cafajeste, um mau caráter sedutor. Eu me inspiro no Ryan Gosling, que mesmo sendo mau é gostável. Me diverti muito com a Agatha (Moreira) e com a Juliana (Paes). Agora é outro personagem, o Régis quase morreu na grande merda que fez, quando se deu conta que se apaixonou pela mulher que enganou”, ponderou.

Sobre a fama de galã, o ator revelou: “Qualquer estereótipo é limitador. Há galãs menosprezados. Encaixei nesse lugar do bonitão bambambã. Mas não sou só isso. Envelhecer está sendo interessante. Olho no espelho e falo ‘caramba, tá mudando, né?’ Tá cheio de vinquinhos mais fortes. O trabalho de ator aparece mais quando passa o frescor da beleza”, disse.

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