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Inventando Anna: vítima de golpista diz que série da Netflix "glamouriza criminosa sociopata"

A série Inventando Anna, que faz sucesso no catálogo da Netflix, causou incômodo em vítimas reais

A escritora Rachel Williams foi vítima real; Julia Garner interpreta golpista na série - Foto: Reprodução / Instagram / Netflix
A escritora Rachel Williams foi vítima real; Julia Garner interpreta golpista na série - Foto: Reprodução / Instagram / Netflix

Redação Publicado em 20/02/2022, às 14h05 - Atualizado às 14h14

A escritora Rachel Williams não gostou nada da série "Inventando Anna", um dos sucessos recentes do catálogo da Netflix. A produção conta a história real de Anna Sorokin, uma criminosa russa que se fazia passar por uma herdeira chamada Anna Delvey para obter benesses e vida de luxo nos Estados Unidos, dando golpes em diversas pessoas para bancar seus gastos.

Williams, ex-amiga da golpista, perdeu US$ 62 mil (cerca de R$ 318 mil em cotação atual). Em entrevista, ela afirmou que a série estrelada por Julia Garner e produzida por Shonda Rhimes glamouriza os crimes cometidos pela criminosa.

“Acho que promover toda essa narrativa e celebrar uma criminosa comprovada, sociopata e narcisista é errado”, disse a escritora em entrevista para a revista "Vanity Fair" norte-americana.

Ela prosseguiu: "Como tenho um assento na primeira fila (na história) há muito tempo, estudei a maneira como um golpista funciona mais do que qualquer outra pessoa. Você assiste ao espetáculo, mas não presta atenção ao que está sendo comercializado".

Em seguida, Williams -- que escreveu um livro sobre a golpista -- afirmou que a série não fez uma apuração correta dos fatos, e por isso considera que a produção está "brincando com uma linha tênue" entre a ficção e a realidade.

"Acho que vale a pena explorar até que ponto uma meia verdade é mais perigosa do que uma mentira. Eu acho que é um território realmente perigoso. Além disso, afetou os processos de Justiça criminal em tempo real", criticou.

Ela ainda afirma que "Inventando Anna" vem sendo capaz de "criar empatia por uma personagem que tem isso em falta".

"A coisa toda é muito problemática. Todo mundo comprou essa narrativa fantástica que se tornou muito desprovida de fatos, mas que ainda tem a ilusão de verdade. Os fatos são chatos, eu acho, mas são importantes", comentou na sequência. "A fome por esse tipo de entretenimento incita as empresas de mídia a criar mais, incentivando pessoas como Anna e fazendo (o crime) parecer uma carreira viável", finalizou.