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Paulo Coelho e esposa se oferecem para custear festival de jazz barrado pelo governo federal

Paulo Coelho e Christina Oiticica se colocaram à disposição para pagar custos do festival

Paulo Coelho e a mulher, Christina Oiticica - Foto: Reprodução / Instagram
Paulo Coelho e a mulher, Christina Oiticica - Foto: Reprodução / Instagram

Redação Publicado em 14/07/2021, às 09h07

Paulo Coelho e sua mulher, Christina Oiticica, se colocaram à disposição para custear um festival de jazz que teve o pedido de captação de recursos pela Lei Rouanet negado pelo governo federal, que usou argumentos religiosos e políticos para barrar o financiamento.

Na madrugada desta quarta-feira (14/07), o escritor e a artista plástica apareceram nas redes sociais para se oferecer para bancar o projeto através da fundação que ambos mantém.

"Fundação Coelho & Oiticica se oferece para cobrir os gastos do Festival do Capão, solicitados via Lei Rouanet (R$ 145,000). Entrem em contato via DM pedindo a alguém que sigo aqui que me transmita. Única condição: que seja antifascista e pela democracia", disse a postagem feita em nome de Coelho.

O escritor frisou a questão antifascista por conta da justificativa dada pela Funarte, responsável pela autorização da captação de recursos, ao negar o pedido do festival. O órgão governamental encontrou um post feito por uma página do evento nas redes sociais em 2020 em que se declarou um "festival antifascista e pela democracia".

“Não podemos aceitar o fascismo, o racismo e nenhuma forma de opressão e preconceito”, dizia a publicação da época.

Em seu parecer, a Funarte citou Deus em seu parecer técnico e mencionou a publicação, com a qual interpretou que o festival era um ato político, e não cultural.

"Destarte, conforme consta no link https://www.facebook.com/FestivJazzCapao/, localizamos uma postagem do dia 1º de junho de 2020, com uma imagem, contendo um slogan para 'divulgação', com a denominação de Festival de Jazz do Capão, na plataforma Facebook, a qual complementou os fundamentos para emissão deste Parecer Técnico. Para tanto, printamos a imagem e a mesma foi encaminhada para à Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, para upload no Salic, como complementação da apreciação deste parecer", afirmou o técnico do órgão no documento.

Em seguida, a Funarte citou Johann Sebastian Bach para justificar a recusa: "O objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da glória de Deus e a renovação da alma".

"A candidatura deste que se postulou a Arte ao concorrer à categoria de Projeto Cultural, apresenta-se desconfigurada e sem acepção a esse atributo. Portanto, o sumário de propositura à chancela do MTur deve ser conduzido ao indeferimento, S.M.J. deste Ministério", anotou o documento.

Após a repercussão da recusa, o secretário especial de Cultura do governo federal, Mario Frias, apareceu no Twitter para defender a negativa e atacou o festival, o chamando ideológico

"A matéria do Jornal Nacional é uma tentativa de criar um factoide em cima de uma decisão técnica. Os organizadores do evento disseram publicamente que iriam realizar um festival político e, para isso, queriam dinehiro [sic] da Cultura", escreveu o ex-ator.

Ele prosseguiu: "Não aceitarei que a cultura nacional seja rebaixada a condição de panfletagem partidária. A lei é bastante clara, apenas eventos culturais serão financiados com a verba federal da Rouanet. Vocês não irão me intimidar com assassinato de reputação. É inacreditável que estejamos discutindo os motivos de não se autorizar verba pública da Cultura para um evento que se propõe a falar sobre política, num combate a um fascismo imaginário".

"As décadas de aparelhamento ideológico dos mecanismos públicos da Cultura deixaram a elite sindical que sequestrou a pasta para fins políticos muito mal acostumada. Já disse inúmeras vezes, nós iremos tirar a cultura do palanque político e vamos devolver para o homem comum. Chega de a usarem para seus projetos partidários. Enquanto eu for Secretário Especial da Cultura ela será resgatada desse sequestro político/ideológico!", concluiu.