A ex-primeira dama estadunidense falou em um podcast sobre sua experiência com o preconceito
Redação Publicado em 28/08/2020, às 17h30
A ex-primeira dama estadunidense, Michelle Obama, falou em seu The Michelle Obama Podcast, sobre suas experiências com o racismo durante sua vida.
A esposa de Barack Obama conversou com suas amigas Kelly Dibble, Denielle Pemberton-Heard e Sharon Malone no episódio que foi gravado em maio, depois da morte de George Floyd, mas que foi publicado nesta sexta-feira (28/08).
No entanto, a divulgação do episódio agora ganhou relevância por conta da morte de Jacob Blake, segundo negro assassinado por um policial nos Estados Unidos só neste ano.
Michelle disse que ela e suas amigas sempre tiveram discussões sobre raça; foi quando o o grupo decidiu compartilhar suas próprias experiências com o racismo, principalmente quando se trata de se sentirem invisíveis para os brancos.
Segundo Michelle, a posição de primeira-dama não a protegeu contra o racismo. Ela contou uma história de quando saiu para comprar sorvete para ela e suas filhas, Sasha e Malia, depois de um jogo de futebol.
"Quando sou só uma mulher negra, percebo que os brancos nem me veem. Eles nem estão olhando para mim", disse ela. "Então, estou parada ali com duas menininhas negras, outra negra adulta, elas estão em uniformes de futebol, e uma mulher branca entra bem na nossa frente para pedir. Tipo, ela nem nos viu", relembrou.
Michelle prosseguiu: "A garota atrás do balcão quase anotou o pedido. E eu tive que me levantar porque sei que Denielle disse: 'Bem, não vou fazer uma cena com Michelle Obama.' Então eu me aproximei e disse: 'Com licença? Você não está nos vendo, quatro pessoas, parados bem aqui? Você acabou de entrar na fila?'. Ela nunca se desculpou, ela nunca me olhou nos olhos. Ela não sabia que era eu. Tudo o que ela viu foi um negro".
Michelle relatou que poderia contar várias outras histórias idênticas durante seu tempo na Casa Branca, como quando pessoas brancas acariciavam seu cachorro, mas evitavam olhá-la nos olhos.
“O que os brancos não entendem é tipo, isso é muito revelador de como os americanos brancos veem as pessoas que não são como eles, como se nós não existíssemos. E quando existimos, existimos como uma ameaça. E isso é exaustivo", ponderou.
O grupo refletiu sobre seu próprio círculo de amizades: todas elas afirmaram ter amigos brancos, mas esses amigos têm apenas alguns amigos negros.
Por conta disso, Michelle reafirmou a importância de ter outras mulheres negras ao seu redor. "É muito importante para mim ter mulheres negras em minha equipe. Há um certo alívio quando você não tem que entrar no seu grupo de amigos e se explicar. Meu grupo de amigas não está me ligando para perguntar 'o que posso fazer?' Vocês estão me ligando para dizer 'como vai, garota? Vamos conversar'", finalizou.
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